Dean Kamen é uma mente privilegiada em termos de poder inventivo. Concebeu o Segway Human Transporter, um patinete para transporte humano realmente revolucionário. O equipamento dispõe de duas rodas, uma haste de apoio para os braços – que finaliza num volante transversal e, na plataforma que une as rodas, um espaço para acomodar os pés de quem dirige o veículo. Para ir avante ou retroceder, basta uma leve inclinação do corpo para frente ou para trás. Para girar à esquerda ou direita basta uma leve torção no volante. Obviamente, o “scooter” também tem um pequeno motor, cujas baterias de níquel-hidreto metálico são recarregáveis em qualquer tomada, além de microprocessadores que completam o trabalho de cinco giroscópios especiais. Para afastar a idéia de que o motorista deva ser um exímio equilibrista, o arranjo anteriormente mencionado se encarrega de manter o conjunto – veículo e motorista – sempre na vertical (não se sabe exatamente como um determinado presidente do hemisfério norte conseguiu experimentar uma queda !).
O mesmo Kamen, conforme conta Lev Grossman, criou uma segunda invenção, qual seja um purificador de água, especialmente destinado ao 3.º (e pobre) mundo, com as vantagens de baixo custo e consumo de energia. Alega para tão nobre escopo as sabidas 6.000 mortes/dia (dados da ONU) no mundo como conseqüência do consumo de água contaminada. O equipamento aproveita a energia, antes desperdiçada, de cerca de 1.000 watts, que é o calor dissipado por um gerador elétrico (também construído para localidades de países não desenvolvidos). Esta energia é então direcionada para ferver água de baixa qualidade e condensá-la então numa forma mais pura, pronta para consumo. Como a destilação, como conhecimento básico, antecede a arca de Noé, o que Kamen acoplou em sua invenção é um sistema fechado no qual se aproveita até a energia advinda da condensação do vapor de água em fervura. Essencialmente, trata-se de uma reciclagem eficiente de calor. E o sistema admite, também, aporte de qualquer combustível que esteja ao alcance das mãos. O preço de construção foi estimado em
US$ 1.000 e produz 37,5 litros de água potável/hora. Na busca de credibilizar a eficácia de sua invenção, Kamen iniciou uma peregrinação por Bangladesh (Ásia) e Rwanda (África).
Don Massa e Joseph Ayers conceberam o “Mine Sweeper” (varredor de minas), que se assemelha a um robô-lagosta. Pesa cerca de 3,5 Kg com 65 cm de envergadura construída em plástico industrial reforçado. Especialmente desenhado para atuar na detecção e destruição de minas em praias e na zona de surf. O cliente preferencial da Massa Products é a Marinha norte-amercicana. As oito pernas movimentam a engenhoca em qualquer direção; duas garras e uma cauda o mantém estável mesmo em águas turbulentas.
No ambiente metropolitano, a cada ano, milhares de indivíduos, na maior parte crianças em idade escolar e idosos, são vitimados pela gripe. Como alternativa para aqueles que têm horror à picada de agulha, Hunein Maassab da MedImmune Vaccines (USA) desenvolveu o “FluMist”, que é um spray nasal baseado numa mescla atenuada de vírus A e B da influenza. Alega o fabricante que a nebulização acarreta a formação preferencial de anticorpos contra o vírus especialmente nos tecidos moles da parte interna do nariz, porta de entrada principal do vírus da gripe, além da natural irradiação para a corrente sanguínea. O uso de vírus atenuado visa despertar no sistema imunológico do paciente a formação dos anticorpos, sem contudo provocar a doença gripal. Os fabricantes cautelosamente assumem que não há garantia de cobertura vacinal para 100% dos pacientes e alertam que o produto não é indicado para pessoas alérgicas e especialmente aquelas a ovos e também asmáticos. Tampouco deve ser administrado para quem tenha optado por tratamento concomitante com aspirina. O preço sugerido é de US$ 50/dose. A faixa etária recomendada para a vacinação nasal é dos 5 aos 49 anos.
O biquíni segue como o vestuário de banho de mais longa sobrevivência e de inegável “sex appeal”. A SkiniLondon (Inglaterra), usando o talento inventivo de Claudia Escobar, vem de lhe acrescentar um traço efetivamente inovador. A confecção é feita à base de pele de salmão, cuja composição protêica comporta a co-aplicação de um elenco variado de cores. As peças são leves, macias, deslizantes, além de terem uma muito conveniente elasticidade. A fabricação ganhou um selo verde, com o mérito de utilizar matéria-prima que usualmente é descartada ou moída para ração de galináceos. Os fabricantes tratam da expansão da linha na direção de jaquetas, calças, saias e sandálias. Um detalhe é altamente chamativo: não há qualquer odor relacionado a peixe. Preço proposto para as duas peças do biquíni: 335 libras (cerca de 480 euros ou 600 dólares)!
Os aquários caseiros brindam momentos de gratificante entretenimento para crianças e adultos. Para contornar o problema de custo, típicos de algumas espécies de peixes ornamentais de tamanho reduzido, caudas esvoaçantes e cores chamativas, o Prof. J.J. Tsai na Universidade Nacional de Taiwan criou uma técnica de coloração de pequenos peixes desprovidos de cor, injetando nos ovos fertilizados uma proteína extraída de medusa que, então, transfere um brilho néon esverdeado mesmo no escuro. Outra variante obtida é a injeção de uma proteína extraída de coral e, neste caso, o efeito é uma vibrante coloração róseo-avermelhada. Face às críticas levantada pelos opositores da idéia quanto ao risco de cruzamento com espécies selvagens, a empresa que comercializa a idéia, a Taikong Co., simplesmente esteriliza cada filhote do cardume fluorescente. Um convincente vídeo da tecnologia pode ser visto em http://www.azoo.com.tw. O preço médio pedido é de US$ 7,50 para cada peixinho colorido.
José Domingos Fontana (jfontana@ufpr.br) é professor emérito da UFPR junto ao Departamento de Farmácia, pesquisador do CNPq e prêmio paranaense de C&T.