Três anos após a criação do serviço pioneiro do gênero, o Fotolog.net, os serviços disponíveis para a exposição de fotografias se multiplicaram. Em parte, o que vem contribuindo para o sucesso desses serviços é a peculiaridade de se poder comentar as fotos que estão expostas.
Na opinião de João Vicente Costa (http://www.fotolog.net/jvc), um aficionado que recentemente lançou o livro Fotolog e Fotografia Digital, mas que se considera um foto amador, essa característica faz com que aqueles que gostam de fotografia aprendam a produzir boas imagens muito mais rápido. ?Os comentários sobre as qualidades das fotos, dicas e sugestões ajudam na aprendizagem e, por isso, acabam reunindo um número grande de curiosos?.
Ele começou a usar o serviço porque tinha o interesse de ver as fotos que produzia expostas. Através do sistema de comentários, rapidamente foi criando uma rede de relacionamentos e amizades com pessoas que tinham os mesmos interesses que ele.
Para Costa, outro dispositivo que contribui para o funcionamento das redes de relações e de comentários de fotos é que o sistema avisa quando há a atualização de um fotolog e todos os que o incluíram em seus favoritos são avisados. Segundo a jornalista e usuária do Fotolog.net, Raquel Santana (http://www.fotolog.net/raquelsantana), por causa desse sistema de avisos, ocorrem comentários quase que imediatamente após a atualização de novas fotos. ?Às vezes eu só vou recarregar a página e, logo depois de ter atualizado, já tem gente comentando?, afirma.
Os recursos de comentários e aviso de atualizações têm se mostrado importantes para o funcionamento, a popularização e formação de redes de relacionamentos nos serviços de fotolog. Como Costa, o professor de Web Design da Faculdade Opet, Rodrigo Scama, também considera que por meio dos comentários acontece o aperfeiçoamento da prática fotográfica. ?Outro dia eu publiquei uma foto do olho de minha irmã. Recebi o comentário de um cara dizendo que a foto era muito legal, mas sugerindo que eu desse uma olhada nas fotos dele. Quando entrei, percebi o que ele queria dizer: as fotos eram excelentes?. O professor de Web Design explica que como sobrevivem de acesso, quanto mais mecanismos de interação esses serviços conseguem implantar com eficiência, mais sucesso eles têm.
Rodrigo utiliza o Devian Art (www.deviantart.com), um publicador com características um pouco diferentes do fotolog, que se ajusta melhor às suas necessidades. Ele utiliza o Deviant Art como um portfólio pessoal (http://rodrigoscama.deviantart.com) e afirma que o serviço é muito útil para suas aulas. ?Aumenta a interatividade com os alunos. Eles ficam mais motivados e podem escolher o tema fotográfico que querem trabalhar?. O professor ressalta que para sua atividade de ensino é importante que as fotos estejam em alta resolução, o que acontece nesse serviço. Além disso, permite a publicação de mais de uma foto por dia.
Uma deficiência sentida por muitos usuários do Fotolog.net e apontada por Costa, é a dificuldade de recuperar informações publicadas. Para que problemas como esse não ocorressem, o Deviant Art, assim como outros serviços recentes, possuem um recurso de classificação por título e palavra-chave a fim de facilitar a busca.
Formação de diversas comunidades
Os serviços de publicação de imagens na web podem ser comparados a uma Biblioteca de Babel digital ilustrada. Neles são encontrados adolescentes e ?baladas?, foto amadores em busca de auto-aperfeiçoamento, registro de viagens, diários, contos, desenhos, narcisismo, jornalismo, ativismo. Embora exista uma infinidade de intenções possíveis ao se publicar fotos na internet, algumas acabam por se manifestar em grupos mais amplo de pessoas, formando até mesmo comunidades de interesses. Como a quantidade de usuários desses serviços pode chegar a quase um milhão, é fácil de encontrar muita coisa boa e muita coisa ruim. Para todos os gostos e todos os interesses.
O autor do livro Fotolog e Fotografia Digital, João Vicente Costa, diz que os primeiros usuários do Fotolog.net foram fotógrafos amadores que queriam dar vazão à criatividade. ?Só mais tarde houve a entrada de um público jovem, mais interessado em expor imagens de si mesmo e de festas?. Costa vê na atividade um hobby que aproxima pessoas com interesses comuns.
Os jovens, porém, algumas vezes não estão interessados em se expor somente pelo fato em si. Acaba sendo mais uma forma de comunicação. Letycia Luiza, 16 anos, que estuda no Colégio Paranaense, afirma que para ela é uma forma de registrar os eventos em que comparece. ?Tenho mais de sessenta amigos com fotoblogs. É também um jeito de encontrar aqueles que não vejo há muito tempo?. Letycia reclama da falta de privacidade no Fotolog.net: ?É aberto demais, qualquer um pode acessar minhas fotos?.
O estudante de graduação de Jornalismo Eduardo Macarios (http://www.fotolog.net/donha), 18 anos, diz que em seu meio é costume que os fotologs sejam usados como diários de festas. Mas, para Eduardo, é uma forma de expor suas fotos. ?A vantagem é que qualquer um que acesse a internet pode ver. Já tive proposta de trabalho em São Paulo?, afirma.
Além do interesse em fotos, os fotologs são mais um dos espaços da internet, em que as cantadas podem se proliferar. Muitas vezes a paixão pela fotografia e as cantadas entram em conflito. A jornalista e usuária de fotolog Raquel Santana lembra de um sujeito que deixou um comentário em sua página de fotos. Ela lembra que ele pedia: ?Aí, gatinha, põe uma foto sua?. Ao pedido, veio a resposta de Raquel: ?mas todas as fotos são minhas, fui eu que as fiz?.
Segurança
Algo que toda a pessoa que for utilizar fotologs precisa lembrar é que eles são públicos e permitem que qualquer pessoa acesse os seus dados. Como um profissional que trabalha na área de segurança de informação há seis anos, Costa alerta que não se deve expor desnecessariamente num fotolog. ?Se você mostra seu carro novo, sua câmera nova, sua casa, você será um prato cheio para pessoas mal-intencionadas?.
Cuidados devem ser tomados também em relação à exibição de sensualidade. Costa lembra que não se sabe quem está do outro lado e que pode estar acompanhando o fotolog diariamente. ?Se quer se mostrar sensual, jamais comente quem você é, onde mora, onde trabalha?. Para ele, essa é uma das primeiras regras – não se exponha. (RD)
Classificação pode ser um diferencial
Um serviço de publicação de imagens de visual simples, mas com um bom sistema de classificação e compartilhamento é o Flickr (http://www.flickr.com), comprado pelo Yahoo! no final de março. A jornalista Raquel Santana explica algumas vantagens do serviço. ?Com o Flickr pode-se visualisar fotos de vários tamanhos, em alta resolução, inclusive. Há um recurso de ?slide show? bastante interessante, além de outras sofisticações?. Para ela, pode-se dizer também que uma das diferenças entre o Flickr e outros fotologs é que até agora não foi descoberto pelos adolescentes narcisistas.
Entre as sofisticações, Raquel cita o exemplo de um músico que conhece, o qual coloca trilha sonora de fundo para as imagens que publica. O Flicr disponibiliza também espaço para blog, salas de chat, recurso de mensagens instantâneas.
Porém, a classificação das imagens são através de ?tags?, espécies de palavras-chaves ou rótulos que podem ser adicionados às imagens para tornar mais fácil de encontrá-las. Pode-se usar uma tag para classificar várias fotos. O usuário tem liberdade para criar essas palavras-chaves. O serviço permite busca através dessas tags, de modo que aparecem as ocorrências de todos aqueles que usaram a mesma palavra para rotular uma imagem. Por exemplo, realizando uma busca com o termo ?Curitiba?, aparecem todas as fotos que utilizam essa ?tag?. Com esse sistema de rótulos, fica mais fácil recuperar imagens publicadas há bastante tempo, além de ficar mais fácil de buscar por fotos de usuários com interesses semelhantes.
O processo de organização de fotografias pode ser colaborativo. No Flickr, o usuário pode permitir que amigos e familiares organizem suas fotos, adicionando eles mesmos novos rótulos, além do tradicional sistema de comentários.
Privacidade
Para aqueles que não gostam de expor suas fotos na internet por uma questão de privacidade, o Flickr traz a opção de regular qual o público que poderá acessar a imagem. A foto pode ficar disponível para todas as pessoas, incluindo as que não são membros do serviço, pode também ser visível para pessoas que são seus amigos ou apenas para sua família, ou mesmo para ambos. Se for de interesse do usuário, a foto pode também ser completamente privada, sendo o acesso permitido somente para si próprio.
É importante citar também que qualquer um pode incluir fotos com licença de uso, pelo dispositivo ?creative commons?. Assim, qualquer pessoa que quiser pode publicar ou usar a imagem, criando um banco livre de imagens. (RD)