Cientistas levam à ONU plano contra mudança climática

Para evitar as piores conseqüências da mudança climática, os governos terão de canalizar mais dezenas de bilhões de dólares em pesquisas de energia limpa e impor restrições estritas às emissões de gases causadores do efeito estufa, segundo um relatório apresentado por um comitê de especialistas às Nações Unidas. O gasto do governo americano em pesquisas científicas, por exemplo, deverá "pelo menos triplicar", disse um dos responsáveis pelo comitê.

O grupo conclui ainda que a ONU precisa preparar-se melhor para socorrer dezenas de milhares de "refugiados ambientais", e as autoridades de todas as partes do mundo precisam começar a restringir a construção de imóveis em terrenos com menos de 1 metro de elevação acima do nível do mar. O relatório, de 166 páginas e que passou dois anos em elaboração, prevê um século 21 turbulento, com oceanos em elevação, secas disseminadas, doenças fortes tempestades e danos à agricultura, às florestas, à pesca e a outros setores da economia.

"O desafio de deter a mudança climática tem de ser enfrentado pela civilização", diz o relatório, elaborado por 18 cientistas de 11 países, que trabalharam a pedido da ONU e financiados pela grupo privado United Nations Foundation e pela Sigma Xi Scientific Research Society. As recomendações sobre como mitigar os efeitos do aquecimento global chegam três semanas após a divulgação do relatório oficial do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC), uma rede de mais de 2.000 especialistas que analisou os dados científicos, gerados nos últimos anos, sobre o problema.

Em outro evento, também hoje, um grupo de nações em desenvolvimento declarou que as nações desenvolvidas precisam assumir a responsabilidade por causar a mudança climática. Embora as emissões de gases causadores do aquecimento global estejam em alta em economias asiáticas, como a China, "a maior parte da degradação ambiental que ocorreu foi causada, historicamente pelo mundo industrializado", disse o embaixador paquistanês Munir Akram, presidente do Grupo dos 77, uma organização que reúne 132 países em desenvolvimento, incluindo a China. "Infelizmente, agora há um certo esforço de propaganda para tentar passar a culpa pela degradação ambiental para as economias em desenvolvimento que crescem rápido", afirmou Akram a jornalistas, em Roma.

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