Busca de terapias anticelulite

Segundo o conceito da esteticista Graze Beltran, obesidade feminina é ostentar mais do que 35 polegadas (89 cm) de cintura enquanto a contrapartida masculina é um pouco mais tolerante: 40 polegadas (102 cm). A explicação para tal desvio vai desde a base genética até a socioambiental (negará alguém o efeito pró-ativo de uma confraria gastronômica?). O combate mais radical e cirúrgico da obesidade surgiu nos EUA em 1982 e levou o nome de liposucção. Uma forma mais branda, não cirúrgica, de ataque à gordura é a mesoterapia ou microinjeções de extratos vegetais ou de outros princípios medicamentosos.

J. C. Conanan estima que a mulher adulta, a cada década, perca cerca de 2,5 kg de massa muscular para adquirir 7,5 kg de gordura. E a gordura comprimida entre os septos (ver figura), diferentemente da fibra muscular, longilínea e macia, confere à pele que a recobre um aspecto de ?queijo cottage? ou de requeijão granulado. Esta forma mais incômoda de obesidade é a celulite ou dermatomiolipoesclerose com tal aspecto rugoso dos depósitos de tecido adiposo nas coxas, nádegas e quadril. Excepcionalmente, uma pessoa magra também pode ser objeto de celulite. Ao aspecto dérmico particular, os franceses emprestam a expressão ?peau d?orange? (?casca de laranja?). Um dos mais modernos tratamentos da obesidade e mais particularmente da celulite é a carboxiterapia ou injeção do gás dióxido de carbono (CO2) na subcútis (a terceira camada da pele) com o auxílio de uma agulha fina (1/3 de mm) com dois objetivos. O primeiro é promover a morte mecânica das células gordurosas. O segundo é tirar partido do efeito vasodilatador do mesmo gás, o que incrementa localmente o fluxo de sangue e oxigênio. O resultado global é um tecido subcutâneo com menor número de células gordurosas e mais firme. Nada além da ação in loco do anidrido carbônico parece ser de importância, pois este gás é um catabólito dos mais comuns no corpo e na circulação humana, sendo exalado permanentemente em grande quantidade pelos pulmões, como resultado do funcionamento das mitocôndrias presentes nas células de todos tecidos, exceto as hemácias. Uma parcela pequena de CO2, curiosamente, é reaproveitada na biossíntese de lipídios. Na carboxiterapia a circunstância diferencial é que um caudal concentrado do gás é injetado criando temporariamente no tecido injetado uma condição de anoxia (ausência de oxigênio). A injeção não é dolorosa e, para uma parte dos pacientes, cria a sensação de aquecimento na área em decorrência do aumento de fluxo sanguíneo como conseqüência da rápida difusão do CO2 para os tecidos vizinhos à injeção. Uma sessão pode durar entre 10 e 30 minutos, dependendo do grau de celulite. Cada sessão pode ser repetida desde dias alternados até uma única vez por semana e os comentaristas, na média, atribuem melhores resultados a partir da décima sessão. A maior parte dos especialistas ou aficionados à carboxiterapia admitem, porém, que o melhor combate à celulite e outros depósitos de gordura resulta da combinação de 2 ou mais tratamentos, caso, por exemplo da mesoterapia acoplada à carboxiterapia, ou desta última como um complemento à liposucção.

Segundo o Dr. Gustavo Leibaschoff, presidente da União Internacional de Lipoplastia, o diagnóstico de celulite, caso a caso, deve ser acurado e é isto que enseja o triplo tratamento da matriz intersticial, da microcirculação e do tecido gorduroso propriamente dito. Ainda em sua conceituação a celulite deve ser alvo de tríplice ataque: Lonotermia, Mesoterapia e Carboxiterapia.

José Domingos Fontana (jfontana@ufpr.br) é professor emérito da UFPR junto ao Departamento de Farmácia, pesquisador 1.ª do CNPq e 11.º Prêmio Paranaense em C&T.

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