Brasil fez estudo pioneiro sobre NGC1097

São Paulo (Agência Fapesp) – A galáxia NGC 1097 é bem conhecida da astrônoma Thaisa Storchi-Bergmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Há 15 anos, ela identificou bem no centro da galáxia um disco de acreção de matéria ao redor de um buraco negro supermassivo.

Hoje, é consenso entre a comunidade científica que a maioria das galáxias do porte da Via-Láctea contém esses ainda misteriosos buracos. A dúvida que existe é quanto à alimentação dessas estruturas. O que realmente ocorre no meio desses ambientes turbulentos para que a atividade nuclear tenha origem? "Com observações do [telescópio] Gemini, observamos como o gás se move desde regiões mais distantes até chegar ao disco de acreção. Isso sempre foi um mistério", explica Thaisa.

O grupo formado pela pesquisadora e colegas dos Estados Unidos, Chile e Itália conseguiu visualizar as estruturas que canalizam todo o material para o núcleo do buraco negro supermassivo. "Sabia-se que deveria haver um mecanismo para essa espécie de alimentação. E, agora, sabemos que se tratam de braços espirais de gás e poeira. São eles que fazem o material ?escorrer? para o núcleo", diz a astrônoma.

A galáxia NGC 1097 está a 47 milhões anos-luz de distância da Terra. Ela tem em seu núcleo um buraco negro com massa equivalente a 100 milhões de vezes a do Sol, ou aproximadamente 50 vezes a massa do buraco negro que existe no centro da Via-Láctea.

As descobertas do grupo de Thaisa, que serão publicadas no periódico Astrophysical Journal Letters, apenas foram possíveis por causa do avanço tecnológico à disposição dos pesquisadores.

O espectrógrafo de campo integral do telescópio Gemini foi fundamental para os estudos. Os pesquisadores analisaram 3 mil espectros em três meses para a identificação dos braços espirais. É a primeira vez que se consegue medir e dar uma resolução espacial para o problema. Isso não havia sido feito anteriormente, para nenhuma outra galáxia.

Segundo Thaisa, o mapa de velocidades obtido com o Gemini mostra que esses braços espirais literalmente canalizam o gás em direção ao núcleo à velocidade de 180 mil quilômetros por hora. As estruturas descobertas, mostram os dados analisados, estão entre o núcleo e o anel de formação estelar que o circunda. Essas duas regiões galácticas estão separadas por 2 mil anos-luz.

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