Aumenta o número de plantas em extinção

Curitiba (AE) – O número de espécies de plantas oficialmente ameaçadas de extinção no Brasil poderá saltar de 107 para 1.538, segundo a nova lista vermelha elaborada pela comunidade científica a pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O levantamento, coordenado pela organização Biodiversitas, contou com a participação de quase 300 pesquisadores ao longo dos últimos dois anos.

A lista final foi entregue ao Ministério do Meio Ambiente em dezembro e aguarda a aprovação do governo para ser oficializada. A lista atual é de 1992. ?Esse é o quadro real. É a lista apresentada pela comunidade científica com base em critérios científicos?, disse Glaucia Drummond, superintendente técnica da Biodiversitas, que está em Curitiba participando da 8.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8).

A relação, entretanto, ainda pode ser alterada pelo ministério. Foi o que ocorreu com a divulgação da nova lista de fauna ameaçada, em 2004, quando o governo adiou a homologação das listas de peixes e crustáceos por acreditar que a inclusão de algumas espécies poderia causar prejuízos econômicos e sociais às atividades de pesca, que ficariam proibidas com a classificação de ameaça.

Segundo o coordenador do Programa de Recursos Genéticos do ministério, Lídio Coradin, a relação será submetida à avaliação na Câmara Técnica Permanente sobre Espécies Ameaçadas da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio). ?Ainda não tivemos tempo de olhar a lista?, disse.

O aumento explosivo do número de espécies ameaçadas não surpreende, segundo Coradin, por causa do conhecimento acumulado desde a última lista e da perda crescente de hábitats nos últimos 14 anos. ?Não há como não reconhecer que a destruição de muitos biomas aumentou.?

A seleção das espécies foi feita de acordo com os critérios internacionais da União Mundial para a Natureza (IUCN), organização que coordena a elaboração de listas vermelhas (como são chamadas as listas de espécies em risco) em escala global. Cerca de 20% (619) entraram para as categorias mais graves de ameaça, consideradas ?em perigo? ou ?criticamente em perigo?. Outras 60% (919) foram consideradas ?vulneráveis? – também ameaçadas, mas sem risco imediato de extinção. Oito espécies foram consideradas completamente extintas. Outras cinco, extintas na natureza, com exemplares sobreviventes apenas em jardins botânicos ou outras coleções de flora, como orquidários.

Ao todo, foram analisadas mais de 5 mil espécies, das cerca de 65 mil conhecidas no País. 

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