Assistência científica aos países pobres

O maremoto que devastou o sudeste asiático a 26 de dezembro é mais uma demonstração da necessidade de colocar a ciência no centro das políticas de desenvolvimento, destacou um grupo de cientistas que elaborou um estudo para a ONU. "As conseqüências pavorosas da tragédia mostram novamente que se os governos dos países atingidos tivessem dado atenção aos projetos científicos, como a instalação de sistemas de alarme, a magnitude da catástrofe poderia ter sido diminuída", comentou o professor Calestous Juma, da Universidade de Harvard. Juma é o principal autor do relatório do grupo de trabalho sobre ciência, tecnologia e inovação criado pela ONU há quatro anos, como parte do Programa do Milênio sobre objetivos para o desenvolvimento. De acordo com o cientista, a tragédia no sudeste asiático poderia ter sido menor caso tivessem sido feitos investimentos em "tecnologias existentes". "As quantias necessárias para a instalação de sistemas de alerta parecem agora ridículas em comparação aos custos da catástrofe, que se medem em centenas de milhares de vidas perdidas e bilhões de dólares em prejuízos materiais", afirmou Juma. Para o especialista, a tragédia deveria levar os países desenvolvidos a "refletir" sobre os custos comparativos entre a assistência científica aos países pobres e as ajudas internacionais depois das catástrofes. O relatório, fruto do trabalho de 27 especialistas internacionais, contém entre outras a recomendação de que os cientistas sejam ouvidos nas decisões governamentais sobre questões de desenvolvimento. Como exemplo, cita o sucesso das estratégias de desenvolvimento apoiadas pela ciência no caso da Malásia, que passou de fornecedor de matérias-primas a uma economia mista, exportadora de produtos manufaturados, especialmente eletrônicos.

Danos irreversíveis

O maremoto que devastou o sudeste asiático, além de deixar um saldo de milhares de mortos, causou danos irreversíveis aos bancos de corais da região, disse um oceanógrafo tailandês. "O impacto é irrecuperável: jamais teremos novamente a riqueza do passado", declarou Thon Thamrongnawasawasdi, da Universidade de Bangcoc. "O problema é que as imensas ondas causadas pelo terremoto deslocaram grandes quantidades de areia, deixando os corais sem o vital contato com a luz. E sem luz, o coral não pode fazer a fotossíntese e morre", alertou. Segundo o cientista, "se o coral morrer, toda a vida marinha ligada a ele tem inevitavelmente a mesma sorte".

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