Prevenção pode evitar riscos com a osteoporose

Diferente de outros problemas tipicamente femininos que já mostramos aqui no TDelas, como as doenças autoimunes, a osteoporose, outro mal que atinge principalmente as mulheres, ainda mais no período pós-menopausa, tem prevenção. Por isso, mesmo que você ainda esteja longe de chegar a essa fase, é melhor começar a pensar nisso já. Quanto antes combater os fatores de risco, melhor. E, para isso, basta adquirir hábitos saudáveis, como fazer exercícios físicos regularmente, ter uma dieta rica em cálcio e tomar sol com mais frequência.

Pacientes com osteoporose sofrem com o enfraquecimento dos ossos por perda de cálcio, conforme explica o reumatologista Sebastião Radominski. O médico é chefe do departamento de Reumatologia do Hospital de Clínicas (HC) e presidente da Sociedade Brasileira de Osteoporose. Ele também afirma que a prevenção deve começar ainda na infância. “Tem gente que diz até que a osteoporose é uma doença ‘pediátrica’, pois simples ações podem proporcionar uma boa ‘poupança’ de cálcio até o pico de massa óssea, aos 18 anos, como colocar as crianças para brincar fora de casa”.

Quem tem histórico de pacientes com osteoporose na família deve ter ainda mais cuidado, pois existe uma predisposição genética para o desenvolvimento da doença. O maior perigo, no entanto, não é a osteoporose em si, mas as fraturas que ela pode desencadear, principalmente com quedas. “As mais comuns são nas vértebras e no fêmur. Nesse último caso, os pacientes correm ainda mais riscos – estima-se que 20% morrem no primeiro ano após a fratura devido a complicações em cirurgia”, comenta Radominski. Mesmo entre os que sobrevivem, 50% tem sua qualidade de vida seriamente comprometida, por perderem independência de deslocamento, segundo ele.

Osteoporose em mulheres mais jovens é rara, mas Radominski afirma que uma a cada três mulheres no período pós-menopausa sofrem com a doença. Isso porque o hormônio feminino estrogênio ajuda a manter o cálcio nos ossos antes da menopausa. Para a reumatologista Marília Barreto Gameiro Silva, que é integrante da diretoria da Sociedade Paranaense de Reumatologia e médica do Hospital Evangélico, a osteoporose poderia até ser considerada um problema de saúde pública. “Ela é silenciosa, pois a perda óssea não apresenta sintomas e muitas pacientes só descobrem quando sofrem alguma fratura devido à diminuição da massa e da resistência dos ossos a traumas”, justifica.

Foi por um acaso que Marlene Lattmann Hamann, 73 anos, descobriu a doença antes de sofrer uma fratura. Convidada por Radominski para participar de um estudo de um novo medicamento para a osteoporose, ela fez uma densitometria óssea (exame que serve para diagnosticar a doença) e, assim, ficou sabendo que teria mesmo que se tratar para reverter o quadro de enfraquecimento dos ossos. Depois disso, ainda sofreu um desmaio e fraturou a região vertebral. “Agora, preciso de ajuda para tudo e tenho que usar um colete para evitar a rotação e curvatura do tronco, que incomoda quando me sento. Mas não sou de ‘encucar’ muito com coisas ruins e, por isso, continua tudo bem”, revela-se otimista.

Ela conta que não sabe de seu histórico familiar porque a mãe faleceu muito jovem. Além deste, há muitos outros fatores de risco. “Baixo índice de massa corpórea, dieta pobre em cálcio, uso de algumas medicações de forma contínua (corticóides, principalmente), privação do hormônio feminino estrogênio, alto consumo de tabaco e cafeína, sedentarismo e falta de exposição solar podem favorecer o desenvolvimento da doença”, relaciona Marília. A exposição solar é necessária para ativar a vitamina D do organismo que, por sua vez, ,contribui para segurar o cálcio nos ossos.

O tratamento inclui mudança de hábitos que atendam a essas demandas, além da utilização de medicamentos específicos. Os remédios tradicionais apenas controlam a perda de densidade óssea, mas já está em teste um novo medicamento, formador de ossos, segundo Radominski. Os estudos estão acontecendo, inclusive, em Curitiba, no Centro de Estudos em Reumatologia (CETI). “No mundo todo, espera-se recrutar mais de 7 mil mulheres para participar dessa pesquisa. Aqui, nosso objetivo é ter 120 voluntárias para participar dos testes”, explica o médico. Para participar, elas devem ter mais de 65 anos e atender os critérios do protocolo da pesquisa. Aquelas que se enquadrarem nesse perfil têm direito a dois anos de tratamento sem custos. Mais informações: (41) 9717-0003 / (41) 9717-0004.