Todos os meses, as mulheres passam por um período complicado, quando o humor sofre alterações quase incontroláveis. Certas ações, carregadas de agressividade ou irritação, fogem do poder de decisão delas, apesar de alguns médicos afirmarem que os efeitos da famosa Tensão Pré-Menstrual (TPM), podem e devem ser controlados.
Entre os homens, sejam eles namorados, maridos ou irmãos, é consenso de que esta é só uma fase, que durante esse período o negócio é relaxar e deixar as mulheres se estressando sozinhas (ou acompanhadas em silêncio). Mesmo assim, a maioria deles não costuma admitir, ainda mais na frente delas, e vai dizer, nem que por brincadeira, que TPM é “frescura de mulher”.
Mas não é nada pessoal, é apenas uma questão de química. No caso masculino, a produção hormonal não interfere nas oscilações de humor, mas no feminino, o ruído é certeiro. O balanceamento entre estrogênio e progesterona (hormônios femininos) interfere na serotonina, justamente o neurotransmissor que regula o humor, a sensibilidade, o sono e a temperatura corporal.
No homem, os hormônios aparecem na puberdade e a produção pára perto dos 30. Por isso, as mulheres dizem que eles são todos iguais. Em contrapartida, elas vão produzir hormônios até a menopausa e estão sujeitas a uma concentração química diferente todo dia. É isso que faz com que os homens digam que elas são complicadas, loucas; o que era ontem já não é mais hoje.
Nesta fase, o certo mesmo é deixar uma barra de chocolate em cima da mesa e sair de fininho, ou fazer como o empresário José Simões Teixeira Filho, o Zeca. Quando a Juliana Erig, sua namorada há três anos, está de TPM, ele procura interpretar as ações, baixar os parâmetros e, às vezes, evitar a conversa. “Eu tento não bater de frente, não adianta racionalizar. Fico quieto, na minha. Mas também não resolve dar uma de bonzinho. É complicado”, afirma Zeca.
Juliana confirma que fica “meio chatinha”. As dores e a irritação, que aparecem quase uma semana antes da menstruação, provocam efeitos intrigantes. “Quando estou de TPM, entre outras coisas, costumo sonhar que o Zeca está me maltratando ou traindo. Acordo com aquela sensação ruim, mas logo passa”, revela. Aluna da Faculdade de Artes do Paraná (FAP), Juliana acredita que essa melancolia serve também como inspiração. “Fico mais reflexiva neste período e é bom ficar sozinha para criar algo”.
Quem sofre mesmo é o pai dela. Humberto, que é dentista, passa três semanas por mês com alguém de TPM em casa. Além da Juliana, tem a esposa Márcia e a filha mais nova, Luísa. “Dá certinho. Quando termina para uma, começa para outra, em fila. Eu tento levar na boa. Tenho minhas atividades. Treino Muay Thai ou vou para o clube de tiro. Mas não é pra fugir delas não, tem vezes que as levo junto”, garante.
Os homens, em geral, são compreensivos, ou, pelo menos, dizem que são. Porém, mesmo com um caminhão de paciência, às vezes rola um estresse, uma garrafa de café jogada na parede, um grito rude. Mas nada que um jantarzinho ou um passeio pós-menstruação não resolva, promovendo uma reconciliação.
Em defesa da mulher
O homem precisa entender que TPM é só uma fase e é seu dever ajudar a mulher a passar por ela. Esta é a opinião do médico ginecologista e professor do departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Jaime Kulak Júnior. “É compreensível”, diz ele. “A mulher sofre com o desequilíbrio hormonal. A justificativa de que elas ficam fora de si pode ser plausível em certas situações”. Ele confirma que exemplos como o de Juliana, que chega a sonhar com maus tratos do namorado, são possíveis. “A TPM &ea,cute; responsável por vários distúrbios, podendo interferir no sono sim”.
O médico ainda admite que, em muitos casos, existe a necessidade de tratamento para reduzir estes efeitos desagradáveis. “A mulher não é obrigada a conviver com alterações de humor. Nos casos simples, em que os efeitos de irritabilidade, depressão e agressividade são mais suaves, a dica é a mesma: fazer exercícios físicos”. As modalidades escolhidas podem ser corrida, musculação Pilates, Yoga. Tudo que alivie ansiedade. “Mas quando os sintomas são severos, pode haver necessidade do uso de remédios”, explica Kulak Júnior.
Ele aponta que também é muito importante cuidar da dieta, evitando alimentos gordurosos durante este período. Porém, a solução com maior eficácia, segundo ele, tem sido o uso de métodos contraceptivos. “Cerca de 70% das mulheres confirmam que a TPM foi mais branda com o uso do anticoncepcional, seja pílula ou injeção. Porém, entre 30% e 40% delas, recorrem a medicamentos específicos, geralmente antidepressivos e outros fármacos para controle hormonal”, comenta. Mesmo assim, antes de ir à farmácia, é necessário passar no consultório para que o médico resolva qualquer dúvida que haja.
| Lineu Filho |
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| Fora, é o namorado que sofre com a TPM dela. |
| Lineu Filho |
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| A solução para a TPM pode estar nos famosos anticoncepcionais. |
