Lenda Viva

Roberto Costa, o único a ter por duas vezes o Bola de Ouro

No ano de 1983, quando o Atlético foi a grande surpresa do Campeonato Brasileiro e fez uma histórica semifinal contra o Flamengo, os olhares dos torcedores focaram a dupla Assis e Washington, que acabou indo para o Fluminense ainda no mesmo ano. Mas quem ganhou a Bola de Ouro, o Oscar do futebol brasileiro, foi outro jogador do Atlético, aquele que só aparece quando a torcida cerra os dentes e fecha os olhos para não ver o pior e se ele falha tudo vai para o brejo: o goleiro. Claro que a torcida não vai esquecer nunca o camisa 1 daquele ano: Roberto Costa, um dos maiores goleiros rubro-negros da história.

Para um time que sempre teve bons goleiros, não é fácil entrar para a galeria em que despontam Alberto, Caju e Laio na primeira metade do século passado. Roberto Costa a encabeça na segunda metade do mesmo século. Para se ter dimensão da importância de Roberto Costa em seu tempo, basta dizer que apenas quatro goleiros ganharam a Bola de Ouro desde que ela foi instituída em 1971 pela revista Placar – Cejas, Valdir Peres e Taffarel.

Roberto Costa ganhou o mesmo troféu duas vezes, seguidas: em 1983 com o Atlético e em 1984 com o Vasco. Apenas quatro outros jogadores conseguiram a proeza de ganhar duas vezes a Bola de Ouro: Cesar Sampaio (Santos-90 e Palmeiras-93), Toninho Cerezo (Atlético-MG 77 e 80), Zico (Flamengo 74 e 82) e Falcão (Internacional 78 e 79). Destes, apenas Falcão conquistou o troféu em anos seguidos.

Atualmente morando em Foz do Iguaçu, onde desempenha a função de coordenador de esportes da Secretaria Municipal, o goleiro da campanha antológica de 1983 é tranquilo quando comenta o feito de ser o único goleiro a vencer a Bola de Ouro duas vezes e ser ao lado de Falcão o que conquistou o troféu as duas vezes seguidas. “Eu acho que esta conquista foi muito importante. Principalmente quando eu ganhei a primeira Bola de Ouro no Atlético, porque ela me levou para a seleção”, diz Roberto. Como ele continuou se destacando no gol do Vasco, ele foi convocado por Edu Coimbra, irmão de Zico, para a seleção brasileira. Roberto Costa jogou a partida contra a Inglaterra no Maracanã no dia 10 de junho de 1984 – lembrada de forma jubilosa pelos ingleses porque foi a única vez que o English Team bateu os canarinhos em solo brasileiro.

Arquivo
Brasil 0x2 Inglaterra: Em pé: Leandro, Roberto, Pires, Mozer, Ricardo Gomes e Júnior; agachados: Renato Gaúcho, Zenon, Roberto, Assis e Tato.

Roberto Costa não tinha nada com isso. Basta rever os melhores momentos para confirmar que enquanto o ataque brasileiro vacilava lá na frente nas chances claras que apareciam o goleiro tinha de pegar cabeçada venenosa do ataque inglês. Novo ataque do Brasil e chute nas alturas. Os ingleses sentiram que podiam abusar e abusaram. Barnes abusou mais ainda: aos 44 minutos do primeiro tempo, ele driblou a metade do time brasileiro pela ala esquerda, entrou na pequena área, se livrou do goleiro e empurrou para o fundo das redes. Aos 19 minutos do segundo tempo, Hateley fez o segundo. Consequência da partida: Edu caiu, Evaristo de Macedo foi chamado e o goleiro da partida não foi mais convocado. Futebol também tem destas coisas.

Passagens

“Eu tive duas passagens pelo Atlético: a primeira foi de 1978 a 1983, quando fui bicampeão estadual e terceiro lugar no Brasileiro de 1983, ano em que fui eleito o melhor jogador do Brasil. E teve uma segunda, quando eu voltei em 1986, mas não com o mesmo sucesso que eu obtive nos anos anteriores”.