Nos tempos do túnel aéreo do Atlético Primavera

O clube brilhou na Liga Suburbana de Curitiba, dos anos 1930 ao final dos anos 1950. Fez uma guinada radical rumo ao profissionalismo no começo dos anos 1960 e, depois, tirou o futebol de sua vida. Este pode ser o resumo da história do Clube Atlético Primavera, aguerrido esquadrão tricolor (verde, preto e branco) do Taboão, na região norte de Curitiba, que um dia se chamou São Casemiro do Taboão.

O capítulo do Primavera no futebol profissional não seria possível não fosse o ex-centroavante do time, conhecido por Pedrosinho, que um dia resolveu ser presidente do clube. José Pedroso de Morais chegou a ser comendador e grande empresário no ramo dos tapetes. Justiça seja feita, ele fez tudo para o tricolor figurar entre os maiores da capital paranaense. Este tudo inclui criar novas táticas futebolísticas e uma remodelada geral no campo do Taboão.

O Primavera, que foi um terror da Suburbana, campeão de 1957, investiu no estádio João Loprete Fraga: construiu arquibancadas e alambrados. Para formar o time, contratou veteranos de clubes fortes, que, mesclados a jovens promessas, deu caldo competitivo ao esquadrão tricolor.

A paixão de Pedroso pelo time empurrou-o para a condição de técnico eventual e teórico responsável pelo sistema T1, T2 e T3, variações táticas durante uma partida, segredo que só ele conhecia. O folclórico dirigente legou para a história do futebol paranaense o famoso “túnel aéreo”, novidade na época e talvez ainda hoje, como parte das melhorias introduzidas no estádio para entrar no profissionalismo. O estádio João Loprete Frega ficava num lugar ermo, ao lado da Rua Mateus Leme, no atual bairro São Lourenço. Para ser mais preciso: o campo ficava na atual Rua Lívio Moreira, pegando um pedaço da Rua Cecília Meirelles, que termina logo adiante.

A região era um banhado e a exigência de túnel subterrâneo ligando os vestiários ao campo de futebol era impraticável. Para contornar o problema, Pedroso mandou construir os vestiários fora das arquibancadas cobertas, ligando-os com o campo através de uma passarela sobre os torcedores. Por falta de nome melhor, Pedroso batizou a engenhoca de “túnel aéreo”.

Apogeu e queda

O sonho de Pedroso transformar o Primavera num clube grande no futebol esbarrou nos novos tempos que exigiam mais investimentos e estrutura para bancar contratações como fizeram Clube Atlético Paranaense (que em 1968 trouxe jogadores como Bellini, Djalma Santos e Zé Roberto) ou Coritiba anos depois. Durante sua trajetória no cenário futebolístico, o Primavera foi um clube mediano.

Tanto que em 1966, quando foram extintos os torneios regionais, cujos campeões decidiam o título estadual, o tricolor do Taboão estava entre os seis representantes do sul do Estado. Foi, talvez, o seu apogeu. O tricolor disputou o profissional de 1961 a 1969, quando submergiu. A última partida do Primavera foi no dia 12 de junho de 1969.