Lendas vivas

Ciska começou a carreira de jogador na Portuguesa Santista

A carreira de Ciska começou por volta de 1963, nas categorias de base da Portuguesa Santista, onde ele ficou até 1965. “Foi um período muito bom da Santista, que revelou muitos craques. Saiu muito jogador bom de Ulrico Mursa. Joguei com Joel do Santos, com o Samarone”, conta ele. Quando Dé (que jogou no Santos e no Palmeiras) saiu, abriu vaga no time principal para Ciska. “A minha estreia aconteceu contra o Corinthians. Na Santista, eu fui campeão da segunda divisão em 1964, mas aí eu não fiquei lá porque eles não queriam me pagar o que o titular ganhava. Então o Lula, que era treinador do Santos, me levou para treinar na Vila Belmiro, ficou com o meu passe e na primeira oportunidade ele me vendeu para o Paulista de Jundiaí, que era treinado pelo Filpo Nuñez, que tinha sido meu treinador na Briosa. Ou seja, ele me conhecia. O Lula (cujo nome era Luís Alonso) naquele tempo fazia o que o Luxemburgo faz hoje”, diz ele. No caso de Ciska, Lula comprou o passe por 5 mil cruzeiros e depois de o jogador treinar no Santos foi vendido por 15 mil cruzeiros para o Paulista.

“Quando eu cheguei ao Paulista, o Filpo Nunes me tomou 500 cruzeiros. Ele disse que era a parte dele na venda de meu passe. Ele disse que indicou a minha contratação e me pediu uma parte. Eu, de ingênuo, dei 500 cruzeiros para ele, porque afinal ia ser o meu técnico. No dia seguinte ao que eu dei o dinheiro eu leio a manchete na Gazeta Esportiva: Filpo Nunes assina com o Corinthians. Ele não tinha indicado nada, nem era mais treinador do Paulista e me tomou 500 reais na cara dura”, diz Ciska.

Edilson Pereira

Isto é para que o povo saiba que vida de jogador não é moleza: é pancada dentro e fora de campo. No entanto, Ciska não se incomodava de jogar a segunda divisão por um motivo: “Naquele tempo, compensava mais jogador em time bom da Segunda Divisão de São Paulo do que em time pequeno da Primeira Divisão”, diz ele. “Quando terminou a segunda divisão, o Paulista me vendeu para o Grêmio Maringá pelos mesmos 15 mil cruzeiros que pagou para o Lula”, diz ele. Mas a história é curiosa: “O São Bento veio jogar em Londrina e me chamou para reforçar o time. O Zuringue, que era técnico do Grêmio, foi assistir, gostou e me mandou contratar”, diz ele. Foi assim que ele pegou a segunda fase do Grêmio Maringá, que terminou com o fim do clube no começo dos anos 70.

Depois que o Grêmio fechou as portas, Ciska ainda jogou no Cianorte e em 1973, a pedido do técnico Nestor Alves, que o conhecia, ele foi para o Corinthians de Presidente Prudente, de onde foi para o Operário-MS. “Estava para nascer meu primeiro filho, o Corinthians estava fechando as portas e apareceu um cachê para eu fazer demonstração em Campo Grande. Eu fui e o Antônio Seti, diretor do Operário e secretário do governo, me viu e disse: eu vou levar este lateral para o Operário. Ele disse que eu ia ganhar um salário no Operário, mais um salário de fiscal do Estado”, conta Ciska. O jogador ficou quase cinco anos em Campo Grande, onde nasceram seus dois filhos. Depois ele retornou para Maringá e rodou o mundo. Mas confidencia: “Se eu tivesse ficado lá em Campo Grande eu já estava aposentado com uma grana muito boa”.