A camisa da cor do “manto de Aparecida” marcou Di Sordi

No sorteio das camisas a Suécia ganhou a cor amarela. E sem a camisa amarela, o caldo começava a entornar para o Brasil – o país estava perdendo até na escolha da camisa. Foi aí que entrou a psicologia de Paulo Machado de Carvalho. Ele chamou os jogadores e disse para ficarem tranquilos, porque ele teve um sonho naquela noite: ele contou o sonho. Os jogadores ficaram impressionados. “Eu sonhei que nós estávamos sendo campeões porque jogávamos com a camisa que é da cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil”. Não era preciso ser muito esperto e nem muito religioso para saber que aquele manto era azul. A cor do segundo uniforme do Brasil. Se era assim, que fosse. Se o chefe sonhou, os jogadores não precisavam se preocupar. Primeiro obstáculo superado.

Mas quando começou o jogo apareceu mais um obstáculo de natureza psicológica, emocional e, porque não dizer, também técnico. E ele estava lá no placar. A Suécia marcou o primeiro gol aos 4 minutos através de Nils Liedholm. Didi viu a cara assustada dos companheiros e percebeu que precisava fazer alguma coisa. Ele foi até a defesa e pegou a bola das mãos de Bellini, que tinha ido buscá-la nos fundos das redes. Veio caminhando calmamente com a bola na mão e disse para a rapaziada: “O Botafogo deu um cacete nesta Suécia não faz tempo e não vai ser a Seleção Brasileira que vai perder para estes sujeitos”. A rapaziada se animou e a partir daí o Brasil deu um show, venceu a partida por 5×2 e no final foi aplaudido pelos próprios suecos, que, por sinal, nunca reclamaram de um Rasundaço. Então, num ambiente tenso como aquele chegava a ser normal aparecer alguém para acusar o colega machucado de que ele afinou. O diacho é que depois que o jogo terminou, a acusação ficou como ferida que nunca cicatrizou. Foi o que aconteceu a Nilton De Sordi.

A primeira vez

A primeira partida de De Sordi com a camisa brasileira aconteceu no dia 17 de novembro de 1955, numa partida contra a Argentina. Ele foi convocado por Oswaldo Brandão, técnico da Seleção na ocasião. A partida, válida pela Taça Osvaldo Cruz, contra o Paraguai, foi realizada no Pacaembu em São Paulo e terminou empatada em 2 gols – o Brasil levou a taça, porque venceu a partida anterior, quatro dias antes, no Maracanã, Rio de Janeiro, por 3 a 0. A última convocação de De Sordi para jogar na Seleção foi em maio de 1961.

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