Invictus conta um pouco da história de Nelson Mandela

Filmes sobre figuras históricas são um tanto quanto complicados. Se a pessoa em questão for um político então, a coisa fica mais delicada, pois as projeções tendem a suavizar sua história e esconder certos aspectos obscuros ao longo do filme. Porém, há honrosas exceções, como o ex-presidente sul-africano e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Nelson Rolihlahla Mandela.

Dono de um currículo de respeito e de um carisma inefável, Mandela, símbolo da luta contra um dos fatos mais lamentáveis da história da humanidade, o apartheid (política de segregação racial em que os brancos detinham o poder e os povos restantes eram obrigados a viver separados, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos), ganhou um longa a altura de sua importância, no ótimo Invictus, dirigido pelas hábeis mãos do diretor Clint Eastwood, que estreia nessa sexta-feira.

Embora não seja um trabalho que fala sobre toda a sua trajetória de vida, Invictus se concentra no ponto em que Mandela venceu as primeiras eleições multirraciais do país, em 1994.

Apesar do regime de segregação ter sido oficialmente extinto em 1990, com a libertação do próprio Mandela, preso por 27 anos, ainda haviam resquícios da divisão entre brancos e negros na África do Sul.

Para lidar com todo esse barril de pólvora, Mandela, habilmente, utiliza as proximidades da Copa do Mundo de Rugby, como forma de aparar essas arestas e unificar a nação.

A aposta era arriscada, uma vez que o esporte era uma das maneiras utilizadas para separar brancos de negros (que tinham preferência pelo futebol). Para esse objetivo, ele vai contar com a ajuda do jovem capitão da seleção nacional, François Pienaar.

Invictus carrega nas frases de efeitos do personagem, que sempre consegue mostrar, de forma inteligente, o ponto de vista de Mandela, sem parecer piegas. Mesmo quando recita o poema que dá nome ao filme, do inglês William Ernest Henley, soa de forma correta, em especial o trecho que diz “não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino, eu sou o capitão da minha alma”, que vai desempenhar um papel importante no decorrer da projeção.

Interpretado pelo onipresente Morgan Freeman (que, dizem, foi escolhido pelo próprio Mandela para o papel), o ator consegue passar o carisma e a simpatia do ex-presidente e também mostra a responsabilidade e estafa de Mandela diante de um cargo tão importante e a tristeza quando fala em sua família.

Dividindo os louros, está Matt Damon, como Pienaar. Ciente do árduo trabalho que tem em mãos (reerguer o orgulho nacional e unificar um país não é tarefa para qualquer um), o atleta encara o desafio e, mesmo diante de algumas adversidades, mantém o seu caráter intacto.

Apesar de que às vezes o filme caia na armadilha daquele velho clichê “acredite em si mesmo”, Invictus é muito mais do que isso. Mostra que atitudes simples podem se transformar em coisas gigantes, incluindo superar ódios e barreiras raciais de anos a fio na África do Sul.

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