Edmundo Hora comanda curso de fortepiano

O organista Edmundo Hora, uma das mais conceituadas autoridades da música antiga no Brasil, é responsável por um curso inédito na Oficina de Música de Curitiba. O professor está ministrando aulas de fortepiano, instrumento antecessor do piano moderno e muito utilizado no século 18, sendo um dos preferidos de Mozart (1756 – 1791) para a composição de concertos e sonatas. Edmundo trouxe para a Oficina uma réplica feita em Boston (EUA) por Robert Smith, em 1988, a partir do original construído em Viena, em 1796, por J. Könincke.

Integrante do núcleo de Música Antiga da Oficina de Música, o fortepiano está ao lado dos cursos de violino, flauta doce, guitarra e violoncelo barrocos, alaúde, teorba, cravo e baixo contínuo, além de interpretação e técnica barroca no canto. Os cursos dividem a atenção de 53 alunos vindos de várias cidades brasileiras, além de países vizinhos como Argentina, Uruguai e Paraguai.

As obras musicais escritas por Mozart e seus contemporâneos, a partir de 1760, eram para cravo ou fortepiano. Essa situação perdurou até a primeira década do século 19, quando Beethoven (1770- 1827) começou a compor para o piano moderno. O som característico do fortepiano é obtido pelos martelos extremamente delicados e revestidos de couro que, ao bater nas cordas de espessura reduzida, produzem as notas.

No Brasil, a história da execução musical em fortepiano teve início com o casamento de D. Pedro com a austríaca Leopoldina que, por volta de 1810, trouxe para o Brasil uma série de bens vienenses e austríacos, entre eles um desses instrumentos. Em seguida, o casal convidou para morar no Brasil e ser seu professor o compositor austríaco Neukomm, aluno de Haydn (1732- 1809). O compositor deixou várias obras brasileiras e serviu de incentivo aos compositores locais daquela época, entre eles o padre José Maurício (1767 – 1830).

"Essa ligação entre o fortepiano e os músicos brasileiros é que justifica o meu trabalho sobre as possibilidades do instrumento", destaca Edmundo.

Os fortepianos originais encontram-se em museus espalhados pela Europa. Entretanto, Edmundo conseguiu adquirir um deles por meio de leilão e agora trabalha na recuperação da peça. O instrumento não tem construtor definido, mas está sendo estudado por especialistas da Inglaterra para determinar seu autor pela data de 1840, gravada na tampa do fortepiano.

Voltar ao topo