Na vanguarda

DIF é um dos segredos do Atlético para a formação do time

Billy Beane resolveu promover uma revolução no Oakland Athletics, time de beisebol norte-americano, após uma derrota vexatória no campeonato local em 2002. Sem dinheiro para montar um grande time, ele apostou nas análises feitas com base em um grande banco de estatísticas para contratar jogadores. Estes atletas possuíam bons números, mas não chamariam a atenção de olheiros por uma série de outros fatores. Reunidos, eles fizeram história no clube e chegaram à elite do esporte nos Estados Unidos.

Este é o enredo de “O Homem que Mudou o Jogo”, estrelado por Brad Pitt nos cinemas (que por sua vez é baseado no livro Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game, de Michael Lewis), pode ser usado como preâmbulo da história do Departamento de Inteligência do Futebol do Atlético. Formado por três profissionais, Pedro Martins, Willian Thomaz e Luiz Grecco, o DIF é o responsável direto por contratações, renovações e demissões do elenco atleticano desde o ano passado.

Alguns clubes no Brasil estão adotando essa prática. Um programa chamado Wyscout tem ajudado o Atlético na avaliação de jogadores. Uma das questões mais importantes do futebol é o processo de avaliação dos atletas. “Avaliar atletas é muito difícil e subjetivo. Temos uma série de componentes que tornam a decisão complexa. O departamento permite que de uma forma científica se crie um banco de dados e termos um maior número de informações possíveis para que quem decide tenha uma posição mais confortável nesse complexo processo”, explicou o ex-diretor administrativo do Furacão, Dagoberto dos Santos. Em entrevista à Tribuna 98 ele contou como funciona um departamento como o DIF atleticano.

O software reúne informações e estatísticas como passes certos, errados, conduta, velocidade, força e uma série de componentes científicos que permite aos gestores avaliar o potencial reforço. “Agrega valor, mas nada substitui o olho do avaliador. De certa forma quando você entra na análise em dados estatísticos, você vê o jogador com a bola. Mas no futebol também se joga sem a bola. Você precisa ver a transição ofensiva, defensiva, tipo de cobertura, como se coloca em campo, sua inteligência tática. Isso só o olho do avaliador consegue ver”, afirma Santos.

Os dados são fundamentais para que se diminua a possibilidade de erro nas contratações e decisões tomadas. “Não quer dizer que não vá errar, mas agrega valor num conjunto que compõe essa análise. Não adianta ter um software se você não tem um profissional qualificado para extrair essas informações”, acrescentou o ex-diretor atleticano.

A existência de departamentos como o DIF, do Atlético, é uma tendência de mercado e sua adesão é inevitável para os clubes que quiserem continuar competitivos. “O Atlético é vanguarda. O Santos também aderiu, mas não pode ser amador. É preciso criar uma estrutura dentro do clube voltada para essa inteligência do futebol”. E emendou: “No futebol não são os grandes que engolem os pequenos, são os ágeis que atropelam os lerdos. Os clubes que saírem na frente terão nessa ferramenta um diferencial competitivo”.

A reportagem entrou em contato com o Atlético para falar especificamente sobre o DIF atleticano, mas o clube se negou a comentar o assunto.