Era do Bambu

Senhoras e senhores, orgulhosamente apresentamos mais um capítulo da novela “Mesas do Passado”. Folhetim que começou com uma foto do álbum do centenário do Paraná, de 1953, na qual um distinto casal estava à mesa de uma churrascaria possivelmente chamada Bambu, segundo a temática da decoração: um bambuzal com duas peles de onça.

A história da gastronomia curitibana, pelo que deduzimos até o presente capítulo, pode ser dividida em duas eras: AB (Antes do Bambu) e DB (Depois do Bambu). A “Era do Bambu” compreende duas décadas, de 1950 a 1960, quando as churrascarias de espetos fincados à mesa (guarnecida de pão, farofa e salada) eram o que na época se dizia “chic”. Assim como hoje temos restaurantes temáticos de diversas naturezas, naquele trecho do século passado os bambuzais de Curitiba e região eram todos dedicados às churrascarias.

Para provar essa tese, a artista Iara Teixeira nos enviou mais uma foto do álbum de família, mostrando seus pais, Nireu e Ninon Teixeira, numa dessas “churrascarias bambus”. Tomando por base a pele de onça, o endereço era o mesmo daquela “Mesa de 1953”, quando “espeto corrido” era ainda ficção científica. Nireu Teixeira, bem a propósito, publicou duas coleções de crônicas com o nome de “Espeto Corrido”.

O segundo retrato, enviado pelo renomado radialista Jair Brito, mostra a verdadeira Churrascaria Bambu em uma de suas noites estreladas. O texto que segue é da testemunha ocular da “Era do Bambu”: “A churrascaria é realmente a ex-famosa Bambu. O filho do então dono daquela churrascaria (ficava na Marechal Deodoro) é advogado radicado em Guarapuava.

Acho que seu pai também se chamava Iberê. Quanto à rapaziada, brindava algum feito das rádios Colombo e Ouro Verde: os dois que estão bem à esquerda, o segundo jovem no fundo, da esquerda para direita, é Amauri Furtado. Seguindo da esquerda para direita, Foguinho (operador de som), este locutor que vos fala (Jair Brito), Leoni Ferreira (locutora paranaense que foi inclusive da Rádio Nacional do Rio e ainda vive em Curitiba), Vinícius Coelho (de costas), Norberto Castilho, Ronald Stresser (ou César Navarro, há controvérsias), Fernando Pessoa Ferreira, à frente dele Walmor Marcelino e, ao lado, Benjamin Steiner”.

Nesta foto há uma controvérsia: autor da “maldita” crônica Curitiba, a fria, Fernando Pessoa Ferreira não se reconhece na ponta da mesa, o último à direita. Quem seria então este gajo de bigodinho?