Bola da Vez

No excelente “Bola da Vez”, da ESPN Brasil, o treinador do Atlético, Paulo Autuori, entre outras coisas, falou ao ser provocado sobre Mário Celso Petraglia: “Eu tiro o meu chapéu para a gestão dele. Cada um tem a sua personalidade e para tomar algumas atitudes o cara tem que ter coragem. E ele tem. O líder tem que tomar medidas impopulares e vai tomar pancadas”.

Já escrevi e nenhum resultado futuro de campo vai mudar minha posição: Autuori foi a melhor coisa do Atlético nos últimos anos. Sob ponto de vista profissional, tem absoluta razão no que falou. Copiando Darcy Ribeiro, é possível afirmar que qualquer bom treinador para ir para o paraíso não precisa morrer, basta ir trabalhar no CT do Caju. Todos os dias, o treinador encontra toalhas limpas.

Concordo com atos de Petraglia. Passei minha vida dentro da Baixada e conheço que a liberalidade, às vezes, conduz a anarquia. No entanto, quando se afastou da estrutura do Atlético para tratar de Petraglia como comandante, Autuori escorregou feio pela contradição. Afirmou que Petraglia “é um líder”, e que “o líder tem que tomar medidas impopulares”.

Autuori precisa rever alguns conceitos. Com o general Eisenhower, enquanto Comandante Supremo das Forças Aliadas na Segunda Guerra, aprenderia que “não se é líder batendo na cabeça das pessoas – isso é ataque, não é liderança”.

Usar o site oficial do clube para distratar uma torcedora, chamando-a de “fraudadora”, transformar em preposto o Conselho de Ética para abrir procedimento de expulsão de sócios, processar torcedores por reclamos em redes sociais, e praticar atos que oprimem e impedem a livre manifestação da torcida e do direito de opinião, não é exercício de liderança, mas de arbítrio inerente aos regimes de exceção.

Autuori, mesmo que involuntariamente por não ser da sua natureza pessoal, está se tornando cúmplice desse arbítrio. Bem no fundo, entendo-o. É que tem o melhor emprego do futebol brasileiro: ganha bem e, por executar a vontade patronal que é não investir no futebol, nunca está exposto às consequências da derrota.

De primeira

O excelente meia Hernani, do Furacão, já foi encomendado por um clube do leste europeu. Uma venda absolutamente correta desde que o valor da indenização que vai entrar seja todo do Atlético. Escrevo isso, para que não apareça algum dono de quarenta por cento.