Unir pessoas surdas e ouvintes nas plateias e nos palcos através de espetáculos
simultaneamente interpretados na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e em português. Este é o objetivo da curitibana Cia. Fluctissonante, companhia precursora em arte acessível no país.

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Em agosto, a Flucti – como é carinhosamente chamada por seus integrantes – estreia sua mais recente montagem para adultos: Língua em Revista parte das vivências, desejos e histórias dos atores e atrizes do elenco para pensar a língua e a linguagem através de seus aspectos identitários, históricos e culturais. De 03 a 20 de agosto o público curitibano poderá conferir a temporada de estreia do espetáculo gratuitamente, no Teatro José Maria Santos.

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Embora línguas como o português e a Libras sempre tenham sido exploradas pela companhia, esta é a primeira vez que elas surgem como tema de um espetáculo. Para transitar pelos diversos aspectos da língua, o coletivo elegeu linguagens Como o teatro de revista, o cabaré e o teatro documental, convidando os diretores Ricardo Nolasco e Igor Augustho para conduzirem a criação. As cenas intercalam o depoimento, a comédia e o drama, a peça explora aspectos relevantes para a sociedade contemporânea, como o posicionamento público, a linguagem, a escuta, a vida, a diversidade e o movimento. Mas não para por aí.

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Muitas outras palavras poderiam definir Língua em Revista, como nos conta Igor: “A gente sabia que não daria conta de falar sobre todos os aspectos que atravessam o assunto da língua. Então optamos por investigar os interesses das atrizes e atores que estão no elenco e, a partir disso, criar cenas quase independentes, mas que, no todo, criam um discurso comum”.

A dramaturga curitibana Leonarda Glück foi convidada para realizar a tarefa de
organizar e reunir todo o material produzido em sala de ensaios. Ela possui uma extensa trajetória em Curitiba, inclusive junto a Nolasco, com quem foi uma das fundadoras da curitibana Selvática Ações Artísticas. Em seu texto, numa espécie de revista contemporânea, os atores Lucas dos Santos e Marcel Malê e as atrizes Catharine Moreira e Helena de Jorge Portela revezam-se entre personagens e entre suas próprias histórias.

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São 12 cenas reunidas. Elas dão lugar a momentos em que os artistas contam suas próprias histórias de vida, cenas corporais-coreográficas, dirigidas por Katia Drummond e, também, a personagens mais caricatos e farsescos (como um Europeu farsesco interpretado em Libras). A partir disso, a dramaturgia perpassa por temas como o lugar da mulher nos dias de hoje, o racismo, o preconceito, o silenciamento, o capacitismo, entre outros, tensionando suas próprias histórias numa narrativa afiada e quase tragicômica.

Ricardo Nolasco, pesquisador das linguagens do cabaré e do teatro da revista, conta que “inventamos juntos o que seria uma revista contemporânea e bilíngue, resgatando a tradição da Revista Brasileira, com seus aspectos fragmentários e populares, mas fazendo novas misturas com o desejo de trazer questões biográficas e as discursividades e línguas de cada atuador.”

Para além de pensar a língua como temática, a Fluctissonante continua propondo o bilinguismo Libras e Português como um modo de unir surdos e ouvintes na plateia do teatro. Contudo, a companhia faz questão de frisar: não trata-se de um grupo ou espetáculo exclusivo para surdos. Ao contrário disso, trata-se de um espetáculo bilíngue, que une duas das línguas oficiais do país e, por consequência, torna-se acessível. A acessibilidade e a inclusão, aqui, entretanto, estão distantes do pedagogismo ou do lugar didático que geralmente são vistos, muito em função da linguagem da companhia, que valoriza o subjetivo, o urgente e o sensível.

Ingressos grátis

A temporada reúne 12 apresentações, todas gratuitas. Para retirar ingressos, basta
comparecer ao teatro a partir de 60 minutos antes das sessões. No dia 19 de agosto, a apresentação contará com audiodescrição. O projeto é realizado pela Cia.Fluctissonante e com produção da Pomeiro Gestão Cultural, com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural De Curitiba e da Prefeitura Municipal De Curitiba, com incentivo da Bosch e da Kirsten.

O teatro José Maria Santos fica na Rua 13 de Maio, 655 – São Francisco.

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