Alerta!

Preconceito contribui para aumento de câncer colorretal em jovens

Câncer colorretal cresce entre homens mais jovens. Especialista dá dicas. Foto: Deposit Photos

Curitiba acompanha tendência mundial preocupante: o aumento de casos de câncer colorretal em adultos jovens. A doença, antes associada principalmente a pessoas acima dos 50 anos, agora atinge faixas etárias mais baixas, alertam especialistas locais. Muito disso por causa do preconceito dos homens e dificuldades de lidarem com o próprio corpo e suas particularidades.

Marciano Anghinoni, cirurgião oncológico e coordenador do tratamento de Tumores Gastrointestinais do Centro de Oncologia do Paraná (COP), destaca a importância do diagnóstico precoce. “O que temos visto é uma transformação no comportamento da doença. Jovens que nunca tiveram histórico familiar, muitas vezes com estilo de vida saudável, estão sendo diagnosticados em estágios avançados”, explica.

Em entrevista à Tribuna, o médico explicou que os homens ainda encaram algumas situações como tabu. “Parte desse desafio está no preconceito que muitos homens ainda têm de procurar o médico ou realizar exames nessa região. É importante reforçar que a colonoscopia é o principal exame tanto para diagnosticar quanto para prevenir a doença, porque durante o procedimento podemos identificar e remover pólipos, que são lesões precursoras do câncer”, contou.

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Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que o câncer colorretal é o terceiro mais incidente no Brasil, com estimativa de 45,6 mil novos casos anuais entre 2023 e 2025. Surpreendentemente, um em cada cinco casos ocorre em pessoas com menos de 54 anos.

Fatores de risco incluem sedentarismo, consumo de ultraprocessados, excesso de carne vermelha e obesidade, além de causas genéticas e inflamatórias. Dr. Anghinoni enfatiza: “É fundamental desmistificar a ideia de que câncer de intestino é um problema de idoso. O intestino fala — e a gente precisa ouvir os sinais que ele dá”, acrescentou;

Hoje, a recomendação é que o primeiro exame seja feito aos 45 anos. “Mas, como estamos vendo casos cada vez mais precoces, qualquer pessoa que apresente sintomas persistentes deve buscar orientação médica e pode precisar realizar a colonoscopia mesmo antes dessa idade”, alertou o médico.

Sinais de alerta

Sintomas como sangramento nas fezes, mudança persistente do hábito intestinal, sensação de evacuação incompleta, anemia, dor abdominal contínua e perda de peso inexplicável devem ser investigados. O especialista alerta para a banalização desses sinais: “Na correria do dia a dia, muitas pessoas atribuem o sangramento à hemorroida e adiam a avaliação. Esse é o erro mais comum.”

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O rastreamento combina pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia. Atualmente, recomenda-se iniciar os exames aos 45 anos para pessoas de risco médio, mas casos específicos podem exigir antecipação. Nos estágios iniciais, a chance de cura supera 90%. Avanços médicos permitem tratamentos menos invasivos, como cirurgias robóticas, reduzindo dor e tempo de recuperação.

Casos “famosos”

Casos de celebridades como Chadwick Boseman, Preta Gil e Simony trouxeram visibilidade ao tema. “Esses exemplos, embora dolorosos, são importantes para conscientizar. O câncer colorretal é silencioso, mas detectável. A prevenção ainda é nossa melhor ferramenta”, ressalta Anghinoni.

O médico enfatiza a importância de naturalizar conversas sobre saúde intestinal. “Falar de evacuação, de sangue nas fezes, de exames preventivos, não deve ser tabu. É uma conversa que pode mudar o destino de uma família inteira”, afirma.

Curitibanos com alterações persistentes no funcionamento intestinal devem buscar avaliação médica. O COP oferece equipes multidisciplinares e tecnologias avançadas para diagnóstico e tratamento de tumores digestivos. “Quanto mais cedo a gente investiga, maiores são as chances de cura e menores os impactos do tratamento. O corpo dá sinais, o desafio é não ignorá-los”, conclui o especialista.

Dicas e sinais de risco

Marciano Anghinoni, cirurgião oncológico

Tudo o que já foi dito reforça que, além de reconhecer os sintomas, é fundamental adotar medidas preventivas e não adiar o cuidado com a saúde intestinal. Veja as dicas que o médico separou para ficar atento:

  • Sangue nas fezes – Pode ser vermelho vivo ou escuro
  • Mudança persistente no hábito intestinal – Alterações que duram mais de 3 a 4 semanas, como: diarreia frequente, prisão de ventre prolongada ou alternância entre diarreia e constipação
  • Sensação de evacuação incompleta – A pessoa evacua, mas sente que o intestino “não esvaziou”.
  • Dor abdominal contínua
  • Perda de peso sem causa aparente
  • Anemia, principalmente por deficiência de ferro
  • Fezes muito finas ou estreitas
  • Fraqueza e fadiga persistentes
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