Você já sentiu um cansaço extremo, desânimo e palpitação ao começar um dia de trabalho? Saiba que esses podem ser os primeiros sintomas da Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional.
Bianca Maria Prezepiorsk, médica cardiologista, explica que “burnout” é um termo que começou a ser apresentado mais recentemente, no mundo moderno. Segundo ela, ele é definido como uma síndrome resultante do estresse crônico ocupacional.
Ou seja, como explica Prezepiorsk, a síndrome está diretamente ligada a rotina moderna, onde as pessoas passaram a se dedicar cada vez mais, de modo exaustivo, à vida profissional.
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De acordo com a médica, o estresse crônico resultado de uma rotina de trabalho tende a afetar drasticamente tanto o físico, quanto o emocional. Entre os primeiros sintomas da síndrome, estão:
- Dor no peito;
- Falta de ar;
- Dor de cabeça;
- Tensão muscular;
- Gastrite nervosa;
- Queda de cabelo;
- Ansiedade;
- Depressão;
- Entre outros.
Como ocorre a síndrome no corpo
Prezepiorsk explica que o Burnout é caracterizado pela liberação excessiva de adrenalina e cortisol. Conforme destaca a médica, esses hormônios são extremamente importantes para uma vida saudável, mas se eles estiverem sendo liberados de modo equilibrado. Caso contrário, pode se tornar um problema crônico.
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“Se eu estiver atravessando uma rua e estiver vindo um ônibus correndo, eu tenho que pular para a calçada. A adrenalina é quem vai me fazer agir assim e me salvar. Passou o ônibus, eu dou aquela respirada, relaxo e a adrenalina e o cortisol abaixa, podemos seguir. Porém, com o Burnout, essa sensação constante de perigo nos desequilibra e mantem muito alto esses hormônios. Isso tende a abaixar outros hormônios importantes que proporcionam alegria, como a endorfina, serotonina, citosina, entre outras”, explica.
Segundo a médica, é muito comum pessoas com a Síndrome de Burnout procurarem um consultório cardiológico achando que se trata de um problema de coração devido a sensação de quase morte. Entretanto, o tratamento da síndrome, inicialmente, é apenas o afastamento do trabalho.
Autogerenciamento é essencial
Cada pessoa pode desenvolver Burnout por um motivo específico. De acordo com Prezepiorsk, a origem do problema é relativa. O excesso de trabalho, cargas horárias muito longas, cobrança constante de metas e resultados são alguns dos motivos que podem desencadear este desequilíbrio.
O primeiro passo para lidar com essa síndrome é reconhece-la. O segundo passo é fazer um acompanhamento médico. “Teoricamente, você só muda de empresa, mas as coisas continuam. Então a pessoa tem que desenvolver dentro dela gatilhos para se proteger de tanta pressão externa”, ressalta.
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Genoveva Ribas Claro, psicóloga com especialização em administração estratégica em RH e professora da Uninter, destaca que é fundamental desenvolver um autoconhecimento e inteligência emocional para lidar com a Síndrome de Burnout. Aos primeiros sinais de desconforto, a pessoa deve incorporar práticas que ajudam a criar uma atmosfera positiva e a fortalecer o bem-estar.
Segundo Genoveva, a partir do momento em que a pessoa reconhece os sintomas da síndrome, é essencial que ela coloque em prática hábitos de autocuidado:
- Aprender a dizer não;
- Saber comunicar desconfortos;
- Estabelecer metas alcançáveis;
- Fazer pequenas pausas ao longo do dia;
- Se movimentar;
- Se autogerenciar.
“Eu percebi que eu estou pensando no trabalho dia e noite. Eu sonho com ele e tudo mais. Se eu não der conta sozinha, eu preciso encontrar ajuda médica capaz de me ensinar a me desconectar”, destaca.
O SUS pode ajudar
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SESA), a Linha de Cuidado em Saúde Mental no Paraná é composta por diversos equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). São mais de 15o Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
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De acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS), o atendimento em CAPS pode ser iniciado por escolha própria ou por meio de encaminhamento proveniente de outros serviços da rede de saúde ou de setores interligados, como Assistência Social, Educação, Justiça e outros. Serviços como Unidade de Acolhimento, Serviço Residêncial Terapeútico, Hospitais Gerais, necessitam de encaminhamento.
A garantia do direito constitucional à saúde inclui o cuidado à saúde mental. Portanto, é um dever do Estado oferecer condições dignas de cuidado em saúde para toda população.



