Truculência médica no Sítio Cercado

Ao presenciar a filha de 3 anos ser maltratada durante uma consulta com o médico pediatra Ariosvaldo Lunardon, Milena Aparecida de Souza, 21 anos, resolveu quebrar o silêncio que pairava na unidade de Saúde do Sítio Cercado. Anteontem, ela o denunciou ao Núcleo de proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria). Procurado pela reportagem da Tribuna, Ariosvaldo disse, por telefone: ?Não tenho nada a informar. Isso é inverídico e ponto final?.

A consulta com o médico aconteceu na tarde de terça-feira, na Unidade de Saúde do Sítio Cercado, que provisoriamente funciona no Bairro Novo. Segundo Milena, Ariosvaldo forçou, com o braço, a filha dela a se deitar na maca. Durante o exame para ver se a criança estava com meningite, ele teria agido com agressividade. ?Ele se apoiou em cima da minha filha com o corpo e enfiou o palito na boca dela para ver a garganta. Fiquei horrorizada e disse que não era assim que médico tratava criança?, contou a mãe. Segundo Milena, a resposta de Ariosvaldo foi: ?Ela está sangrando, mãe? Então está tudo bem?.

Segundo Milena, ela tentou tirar a filha da maca, mas o médico a puxou pelos braços. ?Fiquei muito nervosa, saí do consultório e ele bateu a porta com força. Quando fui consultar com outro médico, da mesma Unidade de Saúde, encontrei outra mãe que disse que Ariosvaldo machucou o braço do seu filho durante a consulta?, disse Milena.

Segundo a mãe, o comportamento violento do médico é conhecido por outros funcionários e mães, que por medo ou falta de esclarecimento não o denunciam. ?Eu vou até o fim com isso. Minha filha ficou traumatizada. Chorou muito em casa e não quis dormir sozinha?, finalizou Milena.

O diretor do Sistema de Atendimento as Urgências, Matheos Chomatas, disse que foi informado do incidente através da reportagem e que assim que receber uma denúncia formal sobre o caso abrirá uma sindicância para apurá-lo. Se for comprovada a truculência do médico, ele poderá ser demitido. Qualquer denúncia de violência contra criança pode ser feita ao Nucria pelo telefone: 3244-3577.

Não há denúncia no CRM

De acordo com a assessoria de imprensa do Conselho Regional de Medicina do Paraná, não há denúncias contra o médico Ariosvaldo Lunardon. Entretanto, o órgão esclarece que muitas vezes as pessoas não as fazem por falta de esclarecimento.

Para que um médico ou hospital seja investigado, a pessoa deve enviar a denúncia por escrito e assinada. Após o recebimento pelo CRM, é aberta uma sindicância. A partir da avaliação de um conselheiro, é aberto ou não um processo ético profissional contra o médico ou hospital. Somente a partir disso ocorre o julgamento. A partir do recebimento da denúncia todo o trâmite corre em sigilo e pode levar três anos. As penas podem ir desde advertência confidencial, em aviso reservado, até cassação do exercício profissional. Nesse tempo, o médico continua atuando normalmente, a menos que tenha sofrido interdição ética.

Anualmente, o CRM recebe cerca de 500 denúncias. Segundo o órgão, o que contribui para o crescimento delas é o aumento da consciência de cidadania por parte da população, e o maior número de médicos em decorrência da abertura de várias faculdades de medicina. O Conselho Regional de Medicina do Paraná fica na Rua Victório Viezzer, 84, Vista Alegre. O telefone é (41) 3240-4026.

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