Tiroteio causa pânico no centro de Araucária

Centro de Araucária, 8h de ontem. Em meio ao grande fluxo de pessoas e veículos numa segunda-feira aparentemente normal, policiais militares e uma bem organizada quadrilha de assaltantes protagonizaram um cerrado tiroteio. Faltou pouco para uma tragédia: os bandidos, que tentavam roubar um malote, erraram os vários tiros direcionados aos PMs e não conseguiram detonar a granada lançada embaixo da viatura. Eles conseguiram fugir, mas um saiu ferido.

A viatura do 17.º Batalhão, ocupada pelo sargento Joacir e pelo soldado Rosnei, escoltava um carro-forte com dinheiro arrecadado no fim de semana pela empresa de ônibus municipal Triar – o valor não foi revelado. À frente, seguia um Audi azul, que parou bruscamente no cruzamento das ruas Major Sezino Pereira de Souza e Joaquim Palhano, nos fundos do Fórum da cidade, bloqueando o trânsito. A Ipanema AEJ-6787, estava atrás da viatura e tentou se aproximar. “Percebi na hora que era um assalto e já descemos atirando”, comentou o soldado Rosnei, que dirigia o carro policial.

Tiros

Cerca de oito tiros foram disparados contra o pára-brisas da Ipanema, ocupada por três homens. Armados com metralhadora, escopeta calibre 12 e pistola, os bandidos saíram do carro revidando. Os dois comparsas que estavam no Audi também atiraram com uma pistola 9 milímetros, mas saíram dali rapidamente. Nesse instante, a granada foi arremessada da Ipanema e parou junto ao pneu da viatura, sem explodir. Tudo sob o olhar desesperado dos vigilantes do carro-forte, que apenas tentavam se proteger.

O tiroteio deixou cinco marcas de bala na viatura e outra na janela de uma loja de sapatos próxima, mas os policiais escaparam ilesos. Os três bandidos da Ipanema desceram a Rua Joaquim Palhano e embarcaram no Audi, que havia dado a volta na quadra. Sinais de sangue no vidro lateral da Ipanema, abandonada ali mesmo, indicavam que um dos assaltantes foi ferido no confronto. Nada foi roubado pelo bando.

Organizados

A quadrilha planejou os mínimos detalhes para executar o roubo. O trajeto de dois quilômetros entre o terminal de transporte e a garagem da Triar foi minuciosamente estudado, e a rua determinada para o ataque tinha movimento ligeiramente menor que as demais. A Ipanema, tomada em assalto às 6h40 de ontem, no Pinheirinho, foi escolhida por ter placa de Araucária. “Assim, chamaria menos a atenção rodando na cidade”, falou o soldado Rosnei. O Audi, também roubado em Curitiba, foi abandonado no Capão Raso e será encaminhado à perícia da Polícia Científica.

Os policiais envolvidos na situação disseram ter “nascido de novo”. “A intenção dos bandidos era nos matar. Escapamos por ter percebido o assalto rapidamente e pela sorte de a granada não explodir, disse o sargento Joacir.

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) esteve no local do confronto e colheu as primeiras pistas para tentar identificar os bandidos.

Bomba não explode por falha mecânica

Uma pequena falha mecânica separou a ação policial bem-sucedida de uma tragédia no confronto de ontem de manhã, no centro de Araucária. A quebra na coluna de retardo, peça metálica componente da granada, impediu a explosão que teria proporções gravíssimas.

O tenente João Rodrigues Feitosa, do Grupo Anti-Bombas da Polícia Militar, coordenou a desativação do explosivo. Segundo ele, a granada, de uso exclusivo das Forças Armadas, tinha raio letal de 9,5 metros – ou seja, poderia matar qualquer pessoa que estivesse a esta distância do local da explosão. “Mesmo a 20 metros há risco de ferimentos graves”, falou o tenente. A detonação arrebenta o artefato em 800 pedaços, que atingem as vítimas em velocidade e temperatura altíssimas.

A granada usada pelo bandidos é de fabricação estrangeira – a origem ainda será apurada – e estava ativa. “A intenção certamente era fazê-la explodir. Talvez tenha falhado por ser um pouco velha”, falou Feitosa.

Um técnico do Grupo Anti-Bombas, com roupa protetora especial, desativou o explosivo num terreno baldio próximo ao local do confronto.

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