Violência

Tiros e morte em residência no Rebouças

As sandálias douradas e o cachimbo de crack ficaram esquecidos no chão e na mesa da casa ocupada por dois travestis e um foragido da Justiça, que, na madrugada de ontem, sofreram um atentado a tiros.

Desconhecidos invadiram a moradia, situada num terreno da Rua Iapó, no Rebouças, próximo de onde os travestis costumam fazer “ponto” à noite em busca de clientes, e atiraram contra os três.

“Rafaela”, como era conhecido um dos baleados, morreu no local. O amigo dele, apelidado de “Soraya”, cujo nome seria José Mário, de 28 anos, e André Luiz Barragana Tomazoni, 40, que estava com mandado de prisão, foram gravemente feridos.

“Soraya” recebeu primeiros socorros na ambulância do Siate.

Apesar de existirem cinco casas no terreno, praticamente todas ocupadas por travestis, traficantes e viciados, ninguém auxiliou no trabalho da polícia. Os que estavam lá afirmaram não ter ouvido nada, nem mesmo os tiros.

“Soraya” e Tomazoni foram socorridos pelo Siate e encaminhados aos hospitais Cajuru e Evangélico. O caso está sob investigação da Delegacia de Homicídios, que tão logo seja possível, interrogará os sobreviventes para obter mais detalhes da ocorrência, bem como nomes de possíveis suspeitos. E André, por ser foragido, quando se recuperar será levado para o Centro de Triagem, em Piraquara.

Drogas

Cachimbo de crack confirma envolvimento com drogas.

No quarto em que aconteceu o atentado, que mais parecia um muquifo pela desordem e sujeira, os colchões de espuma ficaram manchados de sangue, assim como o chão. Vestindo somente uma camiseta de alcinhas, listrada de azul e branco, com os seios e a genitália à mostra, “Rafaela” não pôde ser socorrida.

Morreu com um tiro nas costas antes da chegada do Siate. O corpo foi levado para o necrotério do Instituto Médico-Legal e até a noite de ontem não tinha sido identificado. Se ninguém o reclamar, deverão ser colhidas impressões digitais para tentar apurar sua verdadeira identidade.

No chão, a sandália usada para atrair clientes.

O caso parece misterioso, mas a polícia suspeita que o assassinato e as duas tentativas estão relacionados ao comércio de entorpecentes. Não está descartada a hipótese do local ser usado para atrair vítimas que serão executadas.

Na última casa do terreno, os investigadores e encontraram uma bacia com sangue e paredes do banheiro sujas, como se alguém tivesse sido morto ali e depois o corpo “desovado” em outro lugar. o local deverá ser periciado.

Violência

Muito sangue no quarto em que houve o atentado.

Este foi o quinto travesti assassinado em Curitiba nas ultimas semanas. Antes de Rafaela, outros quatro tinham sido mortos pela quadrilha do traficante Hirosshe de Assis Eda, 34, conhecido como “Japonês”, que pretendia liderar o tráfico de drogas no centro de Curitiba.

Ele também participou do assassinato de uma prostituta e de dois viciados que lhe deviam, esquartejando os corpos dos dois rapazes, num apartamento
do Centro Cívico.

“Japonês” foi morto no início do mê,s, durante tiroteio com investigadores da Delegacia de Homicídios. Na ocasião também foi baleado e morto o policial Valter Aquino Pimentel.

O delegado Hamilton da Paz, titular da Delegacia de Homicídios, prometeu para esta semana dar detalhes dos assassinatos praticados pela quadrilha, que está praticamente desarticulada, restando ainda fazer as prisões de um pistoleiro e de um traficante.