Tapa-buracos no Alto Maracanã

O dia de ontem foi de muito trabalho para que a delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, pudesse apresentar as mínimas condições de segurança para abrigar os 51 presos restantes que ainda estão no local, depois da última fuga em massa, ocorrida terça-feira.

A Secretaria da Segurança Pública liberou R$ 8 mil para tapar o buraco e abriu sindicância para apurar as fugas. As obras de emergência vão garantir um pouco mais de segurança para os policiais civis que lá trabalham e moradores da região.

A entrada e saída do túnel escavado pelos fugitivos, foram tapadas com concreto e no córrego que passa debaixo do prédio da delegacia – que facilitou a fuga -foram colocadas manilhas provisórias. O trabalho de "tapa-buraco" foi desenvolvido pela Divisão de Infra estrutura da Polícia Civil. Contudo, a estrutura do prédio ainda está longe de ser considerada ideal.

A delegacia do Alto Maracanã foi o cenário de duas fugas consecutivas na terça-feira, conforme divulgado pela edição de ontem da Tribuna. Na primeira delas, 22 detentos conseguiram escapar.

A debandada não foi maior porque os plantonistas conseguiram ver os marginais pulando o muro da escola ao lado para fugir, através das câmeras de vigilância da delegacia, e deram tiros de advertência. Um preso foi recapturado na seqüência. Todos os 62 presos que restaram foram levados para o solário do prédio, pois a carceragem teve que ser interditada para que o túnel feito fosse concretado.

Entretanto, no final da noite de terça-feira, alguns detidos aproveitaram o barulho da chuva que caía, para quebrar um pedaço da parede do solário que dava acesso à carceragem. Assim, utilizando-se do mesmo túnel escavado anteriormente, mais onze presos fugiram, inclusive o que havia sido recapturado pela manhã. No total 32 presos estão nas ruas, sendo quatro deles menores infratores, mas com alto grau de periculosidade. Um dos menores é acusado da prática de pelo menos três homicídios. Dentre os foragidos, quatro já foram julgados e condenados, mas estavam no xadrez da delegacia aguardando vagas no sistema penitenciário.

Estão em liberdade: Alexandre Lima Mota, Anderson Antunes de Macedo, Carlos Domingues Ozório, carlos Roberto de Oliveira, Cleverson Santos Silva, Daniel Fábio Pinto, Daniel William Ferreira, Edson dos Santos, Eduardo Freitas dos Santos, Eduardo Góes, Fernando Mendes da Silva, Jefferson José Borges, Josecler Aparecido da Silva, Josiel Martins de Souza Silva, Luiz Donizete de Oliveira, Paulo Cezar Pereira dos Santos, Renato ferreira Dias, Rodrigo Mendes, Wanderlei Gonçalves de Lima, William de Oliveira Santana, Juliano José Velozo, Cleverson Antônio Neres da Rocha, Fábio Franco da Silva, Jefferson Robson de Souza, Lucimar de Oliveira, Rodrigo Batista, Valdir Tibúrcio da Costa, Walter Novaes da Costa e mais quatro adolescentes.

Espaço para 16 presos tinha 83

A primeira fuga subterrânea da história da delegacia de Alto Maracanã demonstrou a fragilidade do prédio que deveria ser de segurança máxima, mas não é. O túnel feito pelos detentos no piso da carceragem revelaram uma fina camada de concreto até chegar ao solo de terra, que facilmente é escavado. Não há reforços na estrutura do prédio que foi construído em 1994 e desenvolvido para dar alojamento a 16 presos, no máximo. Para facilitar ainda a fuga de presos, embaixo do prédio da delegacia passa um córrego.

Na época da construção, provavelmente a violência na região do Alto Maracanã não deveria representar nem um terço da situação vivenciada hoje, onde há guerra de traficantes, homicídios, assaltos e roubos ocorrendo a toda semana. A pequena delegacia de Alto Maracanã, com a sua parca infra-estrutura, tem que atender uma população próxima aos 150 mil habitantes, mais que o dobro do número assistido pela delegacia principal da região que é a de Colombo, que também enfrenta superlotação de presos, fato comum à maioria das carceragens de todo o País.

Atualmente, é rotina para os policiais de Alto Maracanã terem que conviver com a missão de cuidar de "xadrez" superlotado, com mais de 80 presos, colocando em risco suas próprias vidas e também de moradores da área central de Alto Maracanã, durante uma eventual fuga em massa, como aconteceu.

As tentativas de fugas – algumas bem-sucedidas – são freqüentes, pois os presos vivem empilhados em cubículos, sem ventilação e sem as mínimas condições de higiene.

Voltar ao topo