Suspeito do Morro do Boi é condenado a 65 anos

Exatamente um ano após ser preso, sob acusação de ser o autor do crime do Morro do Boi, em Caiobá, Juarez Ferreira Pinto foi condenado a 65 anos e 5 meses de prisão em regime fechado.

A sentença foi proferida na tarde de quarta-feira, pelo juiz Rafael Luís Brasileiro Kanayama, da Vara Criminal de Matinhos, e divulgada ontem. A defesa irá recorrer da decisão, mas Juarez permanecerá preso até o fim do processo.

De acordo com o Ministério Público, Juarez foi condenado a 34 anos pelo latrocínio (roubo com morte) do estudante Osíris del Corso, a 22 anos e 8 meses por roubo qualificado com lesão corporal de Monik Pergorari de Lima e a 8 anos e 9 meses por atentado violento ao pudor, também contra Monik. O conteúdo da sentença não foi divulgado, porque o juiz decretou segredo de Justiça para preservar a intimidade da vítima.

Alívio

Átila Alberti
Assad: justiça feita.

O assistente de acusação, Elias Mattar Assad, que representa Monik, disse ontem que a pena dada ao réu foi justa. “O juiz prestigiou a palavra da vítima”, disse o advogado, lembrando que Monik reconheceu Juarez como o autor do crime.

Por telefone, de João Pessoa (PB), onde faz tratamento para recuperar os movimentos das pernas, a jovem contou que sua família recebeu bem a decisão. “Foi um trabalho árduo da polícia, do Ministério Público e dos advogados. Agora ele tem que ficar “guardado’ lá (na cadeia) pelo resto da vida”, desabafou Monik.

Os pais de Osíris, Sérgio e Maria Zélia, também pelo telefone, contaram que não tinham dúvidas quanto ao desfecho do caso. “Recebemos a notícia com muita emoção e certo alívio. Sabemos, agora, que a morte dele não foi em vão, serviu, pelo menos, para tirar um criminoso das ruas”, disse a mãe. O casal está em Roma, na Itália, e deverá retornar ao Brasil no final de semana.

Advogado vai pedir anulação

Redação

O advogado Nilton Ribeiro de Souza, um dos defensores de Juarez, pedirá a anulação do julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e afirmou que, em breve, colocará o réu em liberdade, alegando que a decisão foi contrária à apuração do processo. Ribeiro também disse que praticamente todos os pedidos que poderiam apresentar provas a favor de Juarez foram negados.

O fato de a arma do crime ter sido apreendida em poder de Paulo Delci Unfried foi ignorado pelo juiz, que, ao final da sentença, disse que ela poderia ter sido usada por qualquer um e que o reconhecimento convicto e constante de Monik era suficiente para incriminar Juarez. Paulo é acusado de cinco assaltos com estupro no Litoral e está com prisão preventiva solicitada desde o ano passado.

Confissão

O juiz também, na sentença, disse estranhar que Paulo, preso por um crime, tenha confessado outro, de maior gravidade. Paulo só confessou, quando soube que o exame de balística no revólver calibre 38 apreendido com ele dera positivo para o caso do Morro do Boi. A confissão foi feita para um delegado, diante de três presos, e para duas promotoras de Justiça. Mais tarde ele alegou ter sido torturado.