Mais um ano chega ao fim, deixando emoções, tristezas e alegrias para trás, renovando esperanças de que daqui para frente as coisas vão melhorar. A Tribuna, em seu dia-a-dia, conviveu com as mazelas da violência que machucou o cidadão. Denunciou irregularidades, buscou justiça e cumprimentou aqueles que se dedicaram ao bem-estar social. Noticiar coisas tristes não é uma tarefa fácil, mas é necessária, para que todos tenham consciência do mundo em que vivemos e se encorajem a virar o jogo. Nesta breve retrospectiva, mostramos fatos que nos deixaram chocados, mas que não podem ser esquecidos para que não sejam repetidos.
JANEIRO
"Monstro" mata garotas
Logo nos primeiros dias do ano, um duplo homicídio aterrorizou e revoltou a população curitibana, principalmente moradores do Sitio Cercado. Foi em uma casa deste bairro, na Rua João Daeski, que o motorista de caminhão Selmo Alves Rodrigues, 34 anos, amordaçou e esganou a própria filha, Gabriela de Amorim, 7 anos, e estrangulou e estuprou a enteada, Camila de Amorim Guimarães, 9 anos. Os corpos foram escondidos debaixo da cama, onde permaneceram até o final da tarde, quando a mãe das crianças chegou do trabalho. Após os assassinatos, o maníaco ainda estuprou a enteada mais velha, de 13 anos. Selmo fugiu, mas foi preso no dia seguinte, no Umbará, após horas caminhando no mato. Ele foi levado ao Centro de Triagem II, em Piraquara, e, hoje, aguarda julgamento no Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais.
FEVEREIRO
Morte na mão do amigo
O promotor da Vara de Fazenda Pública, Falências e Concordatas, Roberto Moellmann Gonçalves Barros, 39 anos, foi degolado dentro de casa, na Rua Santa Clara, no Ahu, em 22 de fevereiro. Adriano Allpinhak da Silva, 27, amigo da vítima, entregou-se à polícia quatro dias depois. Ele alegou que foi ao sobrado para um assalto e que a morte não havia sido planejada. Roubou objetos da casa e sacou dinheiro de contas bancárias do promotor, caracterizando latrocínio (roubo com morte). O inquérito foi concluído e Adriano, denunciado por homicídio, pelo Ministério Público.
MARÇO
Tragédia no asfalto
Uma carreta carregada de soja perdeu o freio na descida das praias e atingiu dois caminhões e quatro carros. Sete pessoas morreram carbonizadas no trágico acidente que aconteceu na manhã do dia 31 de março, no quilômetro 39 da BR-277, sentido Curitiba-Paranaguá. As vítimas eram de duas famílias e estavam em dois dos sete veículos envolvidos. Maria Lúcia de Souza Mileke, 65 anos; a filha dela, Juliana de Souza Mileke, 27, e o neto, Nélson Machado do Nascimento, 13, eram ocupantes da Toyota Hilux, placa AFL-0888. Em outro veículo, o Corsa placa AFK-9262, estavam Nair Alves Pereira Beleti, 58; seus filhos Marcos Pereira Beleti, 27, e Karina Pereira Beleti, 20; e a neta Gabriela Beleti Bueno, 3.
ABRIL
Golpe oficial
Ânderson Carlos Marques, 29 anos, ousou ao solicitar um cartão de crédito em nome do governador do Paraná, Roberto Requião de Mello e Silva. A fraude contou com a ajuda de José do Carmo Silveira Júnior, que se apresentava como advogado. Os dois foram presos por policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). No final da década de 90, Ânderson já tinha aplicado o mesmo golpe com os nomes do apresentador Carlos Massa, o "Ratinho", e de Rafael Greca de Macedo. A dupla só não usou o cartão do governador porque foi presa.
MAIO
Giovana: ciganos presos!
Em maio deste ano chegou ao fim a angústia dos pais de Giovanna dos Reis Costa, 9 anos. Foram presos, em Araçatuba, São Paulo, os ciganos Vera Petrovitch e o filho dela, Pero Theodoro Petrovitc Vich. Mãe e filho, junto com a ex-mulher de Pero, a adolescente de 15 anos, e o pai dela, Renato Michel, são acusados de assassinar Giovana em abril de 2005. A menina foi morta em um suposto ritual de magia negra e o corpo encontrado em um matagal perto da casa onde ela morava, em Quatro Barras. Giovanna estava nua, com sinais de esganadura e com a vagina dilacerada. Vera e Pero continuam presos. Renato e a filha dele não chegaram a ser detidos, pois tiveram suas prisões revogados antes de serem encontrados.
JUNHO
Maternidade irresponsável
A pequena Nicolly Eduarda Ponfrecki Guedes, de pouco mais de um mês, foi encontrada morta na manhã do dia 1.º de junho, depois que sua mãe, Karla Cassiane Ponfrecki, 19 anos, contou à polícia que a criança havia sido seqüestrada. Como a versão apresentada levantava suspeitas, Karla foi interrogada e confessou que havia mentido. Em nova versão revelou que Nicolly morreu ao cair de seus braços, quando a amamentava. Disse ter mentido e jogado o corpo numa valeta diante de um terreno baldio por temer a reação da família. Karla foi presa e indiciada por falsa notícia de crime, ocultação de cadáver e homicídio.
JULHO
Erro fatal
O agricultor Deiviti dos Santos, 19 anos, foi morto por policiais da Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), em 15 de julho, quando saía da Festa do Vinho, em Colombo, com o primo Tiago Machado, 21, baleado de raspão. Os policiais alegaram que os jovens reagiram à abordagem a tiros. Laudos do IML mostraram que não havia pólvora nas mãos de Deiviti. Digitais não puderam ser recolhidas na pistola 380, que os policiais afirmaram ter sido usada pelo agricultor. O inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia contra o cabo Marcos Dorse Marinho e os soldados Wilson Clemente e Leonel Lourenço de Faria Júnior. A ação penal descreve que os policiais alteraram a cena do crime, depositando uma arma junto ao corpo de Deiviti e mencionando um suposto confronto. Os policiais estiveram presos e agora atuam em setores administrativos da polícia, enquanto respondem ao processo.
AGOSTO
A morte de Ana Cláudia
O seqüestro e morte da estudante Ana Cláudia Caron, 18 anos, foi um dos crimes mais chocantes de 2007. Ana Cláudia foi seqüestrada na terça-feira, 21 de agosto, quando chegava numa academia de ginástica situada na Rua Paula Gomes, São Francisco. Dois dias depois ela foi encontrada morta em um matagal, em Almirante Tamandaré. A vítima havia sido violentada sexualmente, asfixiada, baleada na boca e, depois, queimada. O crime foi praticado por dois adolescentes, de 15 e 17 anos, que deviam dinheiro a um traficante. Como a garota não portava valores que os satisfizessem, pagou com a vida. Os menores foram detidos, bem como a namorada de um deles, que havia ficado com os pertences de Ana Cláudia. Posteriormente a polícia também prendeu Weryckson Ricardo Pontes, 19, que estava com a arma do crime. Ele seria o traficante que cobrava a dívida dos assassinos.
SETEMBRO
De vítima a suspeita
Baleada durante assalto a um posto de gasolina, em maio, a funcionária Patrícia Cabral da Silva, 22 anos – que estava grávida de cinco meses -, passou de vítima a suspeita de envolvimento no crime, depois que a polícia recebeu uma gravação contendo suposta conversa entre ela e um dos assaltantes. O material chegou ao delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos, no dia 10 de setembro e, alguns dias depois, ela foi indiciada por roubo. A gravação, que está sendo periciada pelo Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, indica que Patrícia seria a mentora intelectual do roubo e pretendia pedir R$ 150 mil de indenização aos patrões. Dos acusados do assalto, apenas Sidimar Tiago Oliveira, 26, está preso. Márcio Leandro Resende, 23, e Luís Carlos Cândido, 31, permanecem foragidos. O delegado afirmou que o inquérito está concluído e o laudo da perícia, que irá comprovar se a voz é realmente da jovem, será encaminhado à Justiça, que decidirá o futuro de Patrícia. A filha dela nasceu em agosto.
OUTUBRO
Bruno e a Centronic
Depois de uma semana desaparecido, o estudante Bruno Strobel Coelho Santos, 18 (filho do jornalista e cronista esportivo Vinícius Coelho), foi encontrado morto num matagal de Almirante Tamandaré, em 9 de outubro. Ele foi executado por vigilantes da Centronic, que o torturaram e o levaram, num carro da empresa, até Tamandaré, matando-o com um tiro na nuca. O inquérito foi concluído e, no início de novembro, o Ministério Público denunciou os vigilantes Marlon Balem Janke, Eliandro Luiz Marconcini, Emerson Carlos Roika, Roberto Prado Franchi e Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, todos presos. Outros dois acusados, Ricardo Cordeiro Reysel, Leônidas Leonel de Souza, estão foragidos. Eles respondem por formação de quadrilha armada, tortura mediante seqüestro, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
NOVEMBRO
Chacina no terreiro
No sábado, dia 17 de novembro, uma briga envolvendo um pai-de-santo resultou em uma chacina num terreiro de umbanda, no Fazendinha. Cinco pessoas foram assassinadas e três ficaram feridas. A polícia investiga a participação de três pessoas no crime. Duas estão com prisão preventiva decretada e foragidas. Por volta de 22h20, cerca de 50 freqüentadores do terreiro de umbanda Sete Flechas já estavam prontos para começar os trabalhos quando dois homens armados invadiram o local atrás de Adão da Silva, o "Pai Adão", dono do terreiro. Além de matá-lo, os criminosos também atiraram em Rosemari de Fátima Araújo, 45, a "Mãe Rose"; Carlos Alberto Vieira, 42, o "Pai Carlos"; e as freqüentadoras Dayane Freitas Nokio, 13; Franciele Fátima Ramos Araújo, 23, filha de "Mãe Rose". Todos morreram na mesma noite, no hospital. Ficaram feridos Mariana Camila Correa, 14; Karina Fernanda da Silva, 14, e o padrasto dela, Osvaldo Lindolfo Granniman, 40. A Delegacia de Homicídios apurou que os gêmeos Adas Garcia de Lima e Alan Garcia de Lima, 20 anos, estão envolvidos no caso. Adas é quem teria atirado no grupo, juntamente com um sujeito cujo nome ainda não foi apurado.
DEZEMBRO
Tiroteio no centro
A guerra do tráfico de drogas deixou a periferia e foi para o centro da cidade. Às 19h30 de 7 dezembro, quem passava pela Avenida Visconde de Guarapuava, entre a Rua Barão do Rio Branco e a Travessa da Lapa, assistiu a uma troca de tiros entre um usuário de drogas e um traficante. Um homem identificado apenas como "Cabelo" tombou morto na margem da avenida. O cobrador de ônibus Mário Alan de Oliveira Lima, 31 anos, foi baleado no pescoço. O motoboy desempregado Artur Alexandre Gabriel, 31, confessou ter atirado e foi preso por policiais militares do Regimento de Polícia Montada. No bolso de "Cabelo", que já era procurado pela polícia por tráfico de drogas e homicídio, foram encontrados 38 gramas de cocaína e R$ 290,00 em cédulas de R$ 10,00 e R$ 20,00. A polícia também apreendeu um revólver calibre 38, na calçada.