Reconstituição complica situação de Rosana Grein

Demonstrando frieza, o garoto de 16 anos, acusado de ter disparado quatro tiros contra a cabeça do apresentador do Canal 21, Newton Sérgio Saciotti, 48 anos, confessou o atentado e contou detalhes sobre o crime, durante a reconstituição realizada ontem. Os trabalhos tiveram início às 17h, na Rua Paul Lepoutre, no Jardim Ipê, em São José dos Pinhais. Para a polícia, não resta dúvida de que a mulher da vítima, a jornalista e apresentadora Rosana Grein, 27 (foto), foi a mentora do atentado que, segundo o adolescente, “só não se consumou porque as balas do revólver acabaram”.

Também participou da reconstituição o outro acusado, Claudiomir da Silva, que está preso na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. A vítima não participou da remontagem da cena do crime. Rosana Grein também não compareceu porque está em liberdade e internada no Hospital Psiquiátrico Bom Retiro. O delegado Osmar Antônio Dechiche, titular da delegacia de São José dos Pinhais, já solicitou a prisão preventiva da mulher à Justiça.

De acordo com o superintendente Altair Ferreira foram efetuados quatro disparos contra a cabeça da vítima. Antes de entrar no carro, o menor confessou que deu um tiro para o alto para testar o revólver.

Contrato

O menor contou que, no momento em que combinou com Rosana que executaria o crime, o “acerto” era que o valor pago seria R$ 5 mil e a arma do crime, sob a responsabilidade de Rosana. Em uma segunda ocasião, ficou estipulado que o valor seria R$ 3 mil. “Ela falou de onde iria tirar o dinheiro, mas não lembro”, relatou o garoto. Ele comentou que a mulher também não falou o motivo do assassinato. Perguntado ao menor se a quantia não era irrisória para matar uma pessoa e assumir um crime, ele respondeu: “Não sabia quanto o cara valia”.

Ainda de acordo com o adolescente, o plano inicial era assassinar Newton em sua casa, no Pilarzinho. Mas não deu certo. “Ela falou que o marido tomava remédio para dormir e deixou uma machadinha escondida no canto da casa”, ressaltou o menor. A machadinha já foi localizada pela polícia no local indicado pelo garoto e apreendida. “O filho pequeno da Rosana me viu e o marido dela, que não estava dormindo abriu a porta e deu de cara comigo. Ele perguntou o que eu queria??. Falei: o senhor não tem serviço para eu fazer ?”, contou o adolescente. Ele disse que o fato ocorreu no dia 15 de fevereiro, um domingo à noite. Depois da tentativa frustrada Rosana lhe deu carona. Na noite do dia seguinte, ela foi até a casa do garoto, em Almirante Tamandaré, e entregou a arma do crime.

Seqüestro

Na tarde de terça-feira, Rosana apanhou o menor e Claudiomir, nas proximidades do Shopping Müeller e se dirigiu até uma panificadora, onde foi comprar um lanche para o marido. Neste momento, os dois deitaram no porta-malas. Rosana parou em frente de casa e pouco depois saiu com Newton. Os dois iriam buscar ingressos para assistir a uma partida de futebol. Como combinado, quando Rosana ligou o rádio, os dois supostos assaltantes saíram do porta-malas e deram voz de assalto. Newton estava dirigindo. Portando o revólver calibre 38, o garoto mandou que ele seguisse em direção a BR-277. Quando já estavam na rodovia, ordenou que Newton parasse e deixasse a mulher guiar o veículo. Ele foi orientado a ir para o banco de trás e deitar. Em seguida, fizeram o retorno e entraram na Rua Paul Lepoutre. A partir deste momento foi que a polícia começou a reconstituição do crime.

Reconstituição

Após trafegar alguns metros, o menor ordenou que Rosana subisse em uma rua paralela, que mais parece um barranco e parasse. “Falei: Deita, fazendo o favor. Ele deitou e eu descarrei, pou, pou.. Já era”, relembrou o adolescente. Na seqüência, ele contou que abriu a porta traseira do lado esquerdo e saiu, quase ao mesmo tempo que Rosana e Claudiomir. “Falei: Rosana o serviço está feito??. Ela balançou a cabeça e disse bem baixinho: Ele não morreu”, enfatizou o garoto. Ele disse que Rosana já tinha colocado a mão no pescoço do marido para certificar-se que realmente estava morto. Diante disso, o menor afirmou: “Não tem mais bala, já era”. Depois disso, o adolescente e Claudiomir caminharam por mais de 200 metros e o garoto escondeu a arma na base de um poste, coberto pelo matagal.

Chamado de ladrão, menor promete vingança

“Se ela tivesse aqui a mataria dentro deste carro”, assegurou o menor de 17 anos, contratado para assassinar o apresentador Newton Sérgio Saciotti. “Ela nem pagou o que me prometeu e ainda me ofendeu”, afirmou o adolescente, em frente às câmaras de televisão.

Ele disse que se ofendeu quando Rosana deu entrevistas o chamando de ladrão. “Eu nunca roubei nada. Foi essa mulher que me colocou nesta fria. A vontade que tenho é de acabar com ela. O que me arrependo é não ter deixado uma bala no revólver para acabar com esta vagabunda”, disse o adolescente. Ele acha que a Justiça tem que decretar a prisão de Rosana. “Ela já estava presa. Não sei porque soltaram. Agora ela arma tudo e eu é que apodreço na cadeia. É muita folga”, opinou. “A mulher é sangüinária. Me disse que a honra dela é lavada com sangue”, completou. (VB)

Cúmplice garante que foi ameaçado de morte

A participação do guardador de carros Claudiomir da Silva -também conhecido pelo apelido de “Jorge Tadeu” – na reconstituição foi mínima. O adolescente, que assumiu a autoria dos disparos, foi quem orientou a polícia, revelando como tudo aconteceu. Claudiomir apenas confirmou as declarações do garoto.

Ele disse que após aceitar participar do assalto simulado, ficou arrependido e pensou várias vezes em desistir da empreitada, mas foi ameaçado pelo adolescente. “Ele disse que me matava também. Aqui mesmo, quando ele já estava no Jardim Ipê, tentei voltar atrás, mas tive medo de morrer e segui em frente com toda a trama”, alegou o guardador de carros, que foi o primeiro a ser preso e tão logo interrogado, denunciou o envolvimento de Rosana como mandante do crime.

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