Policiais federais e militares prenderam, no início da tarde de ontem, um homem de 37 anos que estava com cerca de 80 cápsulas de cocaína dentro do estômago e que faria o trabalho de “mula” para traficantes. Ele viajaria a Portugal com um quilo de cocaína espalhada pelo corpo e receberia R$ 10 mil pelo transporte. O homem foi preso no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, depois de ter feito o check-in e entrado na sala de embarque.
Policiais fizeram a abordagem enquanto ele já se preparava para embarcar. O preso admitiu que engoliu as cápsulas e os policiais o levaram para o Hospital do Trabalhador, onde foi realizado um raio-x que comprovou a presença do material. Além dele, outro homem e uma mulher também foram presos suspeitos de envolvimento no crime, pois foram eles que deixaram a “mula” no aeroporto. “Recebemos a informação de que uma pessoa estava vindo de São Paulo a Curitiba para este trabalho e passamos a monitorar, por uma semana”, explicou Marcos Smith, delegado da Polícia Federal.
A mulher veio de São Paulo e se encontrou com um traficante em Piraquara. A “mula” veio de Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, para encontrar os dois e ingerir as cápsulas. Depois, todos foram ao Aeroporto Afonso Pena, na tarde de ontem. “O homem e a mulher também foram abordados na saída. Fomos até a casa de um parente dele em Piraquara e encontramos uma prensa e uma balança de precisão”, afirmou Smith.
Rota
Policiais estranharam os traficantes escolherem Curitiba para iniciarem a viagem. “Possivelmente eles acharam que começar a viagem daqui seria mais fácil, por não ser uma rota padrão para este tipo de crime”, ressaltou o delegado. O preso faria escala em São Paulo, antes de seguir a Portugal.
“Agora vamos investigar se há alguma conexão entre São Paulo e Paraná, porque este tipo de situação não é comum em Curitiba, e sim em Guarulhos e Foz do Iguaçu”, contou Smith.
Cirurgicamente embalada
Os traficantes, explicaram policiais, prepararam as cápsulas de cocaína com pedaços de luvas cirúrgicas. Eles cortaram as partes dos dedos e as enchiam com a droga. Depois de ter ingerido as cápsulas, a “mula” tomou um remédio que “prendia” o intestino, para evitar a evacuação no meio do trajeto. Caso chegasse ao destino, ele tomaria um laxante para que todo o material saísse. “Eles prepararam a cápsula de uma maneira que o suco gástrico não conseguisse rompê-la”, esclareceu o capitão Alexandre Dias Lopes, da Polícia Militar.
O capitão ainda explicou que a droga seria vendida na Europa por cerca de R$ 100 mil, sendo que R$ 10 mil ficariam para a “mula”. O homem que transportaria a droga tinha 400 euros na carteira para as despesas da viagem.
Assim que a “mula” admitiu ter engolido as cápsulas, policiais o encaminharam para o hospital, onde ele passou por uma cirurgia para a retirada da droga, na noite de ontem, por causa do risco de morte que estava correndo.