Professor e comerciantes no roubo de camionetas

Dois comerciantes e um professor de Matemática foram presos semana passada e apresentados ontem pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, acusados de participar de um esquema de camionetas roubadas no Paraná e levadas a Santa Catarina. O suposto chefe, um empresário curitibano, teve a prisão preventiva solicitada pela polícia.

A descoberta ocorreu através de denunciante anônimo, que acusou a Oficina Mecânica Tambauto, na Rua Coronel Luís José dos Santos, Boqueirão, de estar receptando carros roubados. Munidos de microcâmera, os investigadores Mainardes, Cristiano e Celso, da DFRV, foram à oficina passando-se por clientes e em dois dias levantaram o esquema. No final da tarde da última sexta-feira, flagraram o professor de matemática João Ari Rodrigues, 40 anos, entrando na oficina com um Vectra 98, que tinha a placa fria CZO-5895, de São Paulo. Através da numeração do chassi, descobriram que o registro original do carro era CHJ-5663, e que ele havia sido roubado em Santo André (SP) no dia 22 de maio deste ano. O Vectra foi revistado e sob o tapete os policiais acharam o par de placas AQB-3255.

No pátio da oficina estava a camioneta S-10 ano 99, também com uma placa falsa. A original era AIW-0846, de Jacarezinho Å o veículo era pertencente a um juiz de direito daquela cidade e fora furtado em Curitiba no dia 29 de julho. O proprietário do estabelecimento Davi Dumas e Silva, 34 anos, também recebeu voz de prisão. Com informações de um dos detidos, a investigação chegou até o fornecedor das placas – a fábrica Fórmula 1, próxima ao Detran. O dono da loja Alexandre Fernando Maia Alves, 26 anos, transformou-se no terceiro preso da operação.

Organização

O dono da oficina contou à polícia que conhecia João Ari há cerca de duas semanas, e que um dia antes da prisão ele deixou a camioneta S-10 AKB-3255 na oficina, para lavagem. No dia seguinte, João teria aparecido de novo, desta vez com o Vectra, quando foi abordado e preso pela DFRV. Davi, que tem passagem por receptação e estelionato, afirma desconhecer que os veículos eram roubados.

João Ari disse ter comprado o Vectra na feira de usados ao lado do Estádio Pinheirão, no Tarumã, em maio deste ano. “Não sabia que era roubado”, alega. Ele confessou que fora incumbido por um tal “Gordo” de pegar a S-10 na oficina de Davi, e que já levou outras duas camionetas para Blumenau (SC), recebendo R$ 300 em cada um dos transportes. Dizendo-se pós-graduado em Matemática, ele conta que era professor da rede pública estadual, mas há um ano não tem emprego.

Já Alexandre alega que forneceu as placas AQB-3255 encontradas com João a Carlos Eduardo Macedo, homem que havia locado um espaço na Fórmula 1 para uma loja de recursos de multas. “Pedi os documentos do carro, como orienta o Detran, mas Carlos disse que tinha esquecido. Mesmo assim entreguei, confiando que ele repassasse a documentação mais tarde, e me dei mal”, afirma. Contra Alexandre pesam acusações em um inquérito do Cope (Centro de Operações Policiais Especiais): sua loja seria responsável pelo fornecimento das placas a um carro usado no milionário assalto à empresa de segurança Proforte, no ano passado. O dono da loja alega que a negociação foi feita por um funcionário seu, sem autorização.

A polícia tem informações diferentes das alegadas pelos presos. Segundo o superintendente da DFRV, Neimir Cristóvão, cerca de 30 camionetas com origem suspeita circularam pela oficina Tambauto nos últimos meses. “João Ari disse que pelo menos outras três pessoas apanhavam veículos na oficina de Davi. Todos tinham o mesmo destino: Santa Catarina. Alexandre fornecia as placas sem exigir a documentação necessária”, relatou o policial.

De acordo com o superintendente, o homem citado por Alexandre, Carlos Eduardo Macedo, seria o organizador de todo o esquema, junto com o tal “Gordo”. “Já pedimos a prisão preventiva de Carlos Eduardo e estamos levantando a identidade de `Gordo’ para fazer o mesmo”, afirmou. João será indiciado por falsificação e receptação, Davi por receptação e Alexandre por adulteração de sinal identificador de veículo.

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