Presos mortos com requintes de crueldade

Provocação sexual teria sido o motivo para o assassinato de dois presos, espancados e enforcados dentro da cadeia da 1.ª Subdivisão Policial (SDP), em Paranaguá, na madrugada de sábado. As vítimas, Luiz Vicente de Souza, 55 anos, e Oséias Augustinho Poleti, 36, teriam acariciado outros detentos que, revoltados, cometeram o crime. Fábio da Silva Bezerra e Alisson André Lopes confessaram ser os autores do duplo homicídio. Outros três presos envolvidos nas mortes também foram indiciados.

De acordo com o delegado Valmir Sócio, por volta das 8h30 de sábado os plantonistas ouviram uma confusão na ala superior da delegacia, onde ficam 80 homens. Lá, estavam os corpos de Oséias e Luiz. Eles teriam sido mortos no banheiro, durante a madrugada, e depois arrastados até a porta da carceragem. A Polícia Militar foi acionada para remover os presos, para que os corpos pudessem ser retirados dali. Durante vistoria nas celas, policiais encontraram um pedaço de pau e uma toalha sujos de sangue – objetos usados para agredir e enforcar as vítimas.

Motivo

Segundo Fábio e Alisson, que confessaram o crime e estavam presos por furto qualificado, durante a madrugada as vítimas passaram as mãos em seus corpos. A provocação gerou uma briga generalizada, apesar de nenhum plantonista ter ouvido a confusão. Luiz Vicente foi preso em junho, acusado por atentado violento ao pudor, e Oséias, em outubro, sob a acusação de provocar um incêndio criminoso. Em 1990, Oséias também teria sido indiciado por um crime sexual.

Entretanto, enquanto os policiais retiravam os corpos, alguns presos davam outra explicação para os crimes, anunciando que outras mortes vão acontecer se não for resolvido o problema de superlotação. Além dos 80 presos da ala superior, a cadeia também abriga 100 homens na ala inferior. A capacidade é para 27 presos. ?Nos próximos dias 40 homens serão transferidos para o Centro de Triagem de Piraquara. Quatro deles já saíram ontem de Paranaguá?, disse o delegado.

Em outubro deste ano, aconteceram duas tentativas de rebelião na mesma delegacia. Na ocasião, os detentos destruíram paredes e grades, e arrancaram uma porta de ferro que separa o interior do presídio e o corredor onde estão as salas dos delegados.

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