Caneta traiçoeira

Preso golpista que usava tinta mágica em cheques

Um senhor de 60 anos, aposentado depois de 24 anos trabalhando no extinto Banestado, não estava satisfeito com o dinheiro que recebia do governo e decidiu aplicar golpes. Ele descobriu uma tinta mágica que desaparece quando submersa em água, e enganou médicos e outros aposentados preenchendo seus cheques com esta tinta na caneta.

De acordo com o delegado Cassiano Aufiero, titular da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (DEDC), Antônio Vacir Barbana manteve um cadastro de clientes que contrataram seguros no banco e em uma corretora em que ele também trabalhou. Ele procurava estes clientes dizendo que eles ganharam um prêmio do seguro, mas eles teriam que pagar uma taxa de R$ 28 para liberar a quantia a ser recebida.

“Ele ia bem vestido e passava segurança, por ter uma boa conversa e já não ser mais um menino. Ele dizia que só aceitava o pagamento em cheque nominal, para garantir que o dinheiro seria depositado diretamente para a seguradora”, explica o delegado.

Antônio preenchia o cheque para os clientes com a “caneta mágica”, e deixava que as vítimas conferissem e assinassem com as canetas delas. Dessa maneira, depois, ele colocava o cheque em um copo de água e tudo o que ele preencheu desaparecia, permanecendo apenas a assinatura.

Com os campos livres, ele preenchia os cheques novamente e colocava valores de R$ 500 a R$ 2 mil. “Ele sabia que se colocasse um valor mais alto, as agências bancárias iriam informar os clientes”, lembra Aufiero. Pelo menos dez pessoas já prestaram depoimento relatando que foram vítimas do golpe, e os casos são investigados em dois inquéritos.

O delegado acredita que, com a divulgação do caso, novas vítimas apareçam. “Muitos dos clientes foram escolhidos porque tem muito dinheiro na conta e realizam diversas movimentações financeiras, e podem não ter percebido a compensação dos cheques”, conta.

Antônio foi encontrado depois que a equipe da DEDC recebeu uma denúncia anônima de que ele fazia mais uma vítima. Ele foi preso em flagrante na casa de uma aposentada, no Boqueirão, quando ela terminava de assinar o cheque. O documento foi submerso em água e a farsa da tinta foi confirmada. Com ele foram apreendidas duas canetas com a tinta mágica e mais de vinte cheques já preenchidos, dentro de uma pasta. Os correntistas serão procurados para prestar depoimento na próxima semana.