Policial é preso suspeito de chefiar tráfico de drogas

Um cabo do 13.º Batalhão da Polícia Militar e a mulher dele foram presos, na manhã desta sexta-feira (23), por suspeita de liderar uma das maiores quadrilhas de traficantes de drogas que agia na região do Sítio Cercado. Parte do bando foi reconhecida como tendo participado do roubo de 60 barris de chope, avaliados em R$ 70 mil, de uma distribuidora de bebidas no Alto da Glória, na semana passada, e de ter roubado um caminhão para o transporte da carga. Tudo indica que o crime foi cometido para lavagem de dinheiro.

Além do casal – de meia idade – oito integrantes da quadrilha foram capturados no Sítio Cercado e no Alto Boqueirão. As investigações foram conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que desencadeou a “Operação Parigot”, com base em denúncias anônimas recebidas dois meses atrás. O que chamou atenção dos promotores do Gaeco é que Carlos José Alves, o cabo J. Alves, passou a atuar na criminalidade depois de prender a mulher, por quem veio a se apaixonar e se casou posteriormente. Ela foi identificada como Margarete e já era líder do tráfico na região, com extensa ficha criminal.

Em coletiva à imprensa, na tarde desta sexta-feira (23), na sede do Gaeco, os promotores Denílson Soares de Almeida e André Tiago Pasternak Glitz informaram que o cabo J. Alves já havia entrado com pedido de aposentadoria e se aproveitava da função para intimidar seus colegas. O policial militar tinha dois papéis básicos. Um deles era levar o crack e a cocaína do ponto de armazenamento até a boca de fumo, de onde eram distribuídos para os vapores. “Aparentemente, ele não usava viatura para fazer esse serviço”, disse.

Alves também mantinha criminosos da região informados sobre batidas policiais e intimidava os devedores, além dos próprios colegas de farda. “Ele batia de frente com os militares que não eram coniventes com o esquema. Há provas de que ele ameaçou policiais que abordaram membros da sua quadrilha e temos indícios de que o grupo está por trás de homicídios”, revelou.

Consórcio

O policial trabalhava numa espécie de consórcio de traficantes. “Ele tinha certa ascendência no grupo e fazia toda a arrecadação para a compra da droga, que era mantida em local seguro e sempre em pequenas quantidades. Quando conseguia a droga de fornecedores, distribuía entre todos, fazendo com que todos lucrassem com isso. Eles sempre guardavam pequenas quantidades de droga para vender rapidamente”, disse.

O cabo foi preso em sua casa, no Sítio Cercado, onde estavam ainda a mulher dele, o enteado e o namorado da filha de Margarete, cujo sobrenome está sendo checado pela polícia, uma vez que ela usava duas identidades. De acordo com os promotores, quando a polícia chegou à residência o policial chegou a esboçar reação e apontar uma pistola calibre .40 – que não é da corporação – contra a equipe, mas foi dominado. A polícia não precisou quando o policial se casou com Margarete.

No local, foram apreendidos duas armas e carregadores com capacidade total de 120 disparos. Nos demais lugares, foram presas outras seis pessoas e apreendidos meio quilo de crack, equivalente a R$ 6 mil da droga, armas, munição e cerca de R$ 15 mil em dinheiro. Também foram encontrados um aparelho de rádio, que era usado para a comunicação da quadrilha, e várias máscaras balaclava.

Foram cumpridos mandados de sequestro de nove veículos utilizados pelo bando. “Eles são bem espertos. Trocam de carro a cada semana. Fizeram também uma festa num bar de Santa Catarina onde gastaram R$ 8 mil”, destacou Glitz. Vários presos já estavam com o dinheiro separado para passar o Natal na praia. “Tudo indica que eles iam traficar no litoral. Eles também planejavam novos assaltos em Curitiba antes do ano-novo”, comentou Almeida.

Na casa de um dos presos, os policiais se depararam com vários objetos e aparelhos com valor não compatível com a renda dele. O rapaz disse que trabalhava com conserto de ar-condicionado, mas tinha vários relógios, três televisões de LED e 10 pares de tênis novos.