Policial atira em colega no Alto Boqueirão

Três homens, entre eles um policial militar, foram abordados no final da noite de domingo, suspeitos de estar com dois veículos roubados, estacionados nas proximidades de um bar, no Alto Boqueirão. Dois suspeitos – o borracheiro Vagner Xavier Moraes, 29 anos, e o soldado Flávio Santini – foram baleados pela polícia e encaminhados ao Hospital Cajuru.

O pintor Hélcio do Espírito Santos Souza, 26 anos, conseguiu escapar dos tiros, mas foi detido e autuado em flagrante na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). Revoltados, familiares dele e de Flávio garantiram que os três são inocentes e acusaram os policiais de terem atirado sem se identificar ou dar voz de abordagem.

A confusão começou dentro do Bar do Carlinhos, na Rua Pastor Antônio Polito. Vagner, Flávio e Hélcio tomavam cerveja, na companhia de outras pessoas. De acordo com Carlinhos, dono do boteco, entrou um grupo de rapazes, vestidos com camisas de um time de futebol, com pedaços de pau e tijolos nas mãos, procurando por um jovem.

Tiros

Houve tumulto e Flávio, soldado do 12.º Batalhão da PM, que estava de folga, efetuou dois disparos para o alto. Em poucos segundos, a bagunça acabou e o bar se esvaziou.

“Os rapazes que invadiram o bar foram embora e abandonaram os carros em que eles chegaram, uma Parati e um Sephia”, informou Felipe, irmão de Hélcio. Os veículos ficaram estacionados na Rua Lázaro Borssato, na quadra ao lado do boteco.

Minutos depois, policiais militares do 20.º Batalhão chegaram ao boteco. “Eles se identificaram e disseram que se tratava de uma abordagem policial”, disse o dono do bar. “Porém, naquele instante, ouvimos tiros na outra quadra”, acrescentou Carlinhos. Eram policiais do serviço reservado abordando Vagner, Flávio e Hélcio.

“Os três observavam os carros abandonados. Um Renault Clio se aproximou e encostou no lado deles. Os ocupantes saíram atirando, sem falar nada”, disse Felipe, que testemunhou a ocorrência.

Baleados

Três tiros acertaram a perna de Flávio e outro atingiu o peito de Vagner. No chão, Flávio ainda foi agredido com chutes. Assustado, Hélcio correu e foi detido pelos policiais em uma pizzaria, nas imediações. Levado à DFRV, foi autuado em flagrante e passou a noite na prisão.

“Eles foram acusados de terem roubado os carros, mas estavam no boteco. E até as 21h30, o Hélcio trabalhava comigo, pintando uma agência bancária, no Bigorrilho”, revoltou-se Felipe. Vagner e Flávio foram encaminhados ao Hospital Cajuru. Segundo a família de Flávio, o soldado saiu de casa para comprar leite para o filho e parou apenas para tomar uma cerveja.

Comando investiga caso

Patricia Cavallari

O coronel Carlos Alexandre Scheremeta, comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), determinou abertura do inquérito policial-militar e rigor nas investigações para apurar o que aconteceu. O inquérito será concluído em dois meses.

O major não falou sobre a versão apresentada pelos policiais do serviço reservado, afirmando que o primeiro passo será ouvir a versão deles e do soldado Flávio.

“Até agora surgiram diferentes versões, por isso não iremos nos antecipar em divulgá-las. O que posso garantir é que, se for confirmado desvio de conduta, por qualquer uma das partes, o policial irá responder severamente por seus atos”, garantiu o major.