Polícia montada mostra seu trabalho

Usado como elemento mais importante nas batalhas medievais, o cavalo atravessou os séculos. Ainda hoje resiste às modernizações e se mostra imponente no que diz respeito à segurança pública. Como pode, em pleno século XXI, quando se teme batalhas atômicas, o cavalo ainda figurar nas fileiras da Polícia Militar do Paraná e de outras corporações do Brasil? Para responder a esta pergunta, a Tribuna passou um dia no Regimento de Polícia Montada Coronel Dulcídio, com sede no Tarumã, onde concentra-se a cavalaria da PM. E entre oficiais e praças, meninos da periferia que participam do Formando Cidadão, alunos da Academia Policial Militar do Guatupê e do Colégio da Polícia Militar, desvendou os mistérios que fazem deste animal um símbolo de bravura e de coragem no patrulhamento ostensivo e preventivo.

numeroscavalos111107.jpgTalvez seja a Cavalaria a arma que mais remeta a Polícia Militar às suas origens. Há pouco mais de um ano, em decreto governamental, o Regimento de Polícia Montada Coronel Dulcídio passou à condição de tropa especializada. Desmembrado, dele saiu o 20.º Batalhão da Polícia Militar, que absorveu as viaturas e motocicletas da unidade. Restaram ao regimento somente os cavalos e uma nova oportunidade de colocar em prática o que chamam de policiamento comunitário. Ou seja, o pessoal da Cavalaria é o que está mais próximo da população e é, sem dúvida, o que mais chama a atenção quando está nas ruas da cidade.

Na hora da chuva, um viaduto
serve de cobertura improvisada.

O subcomandante da unidade – que também é o oficial mais antigo no regimento -, major Lorival da Cunha Sobrinho, 42 anos, explica de forma rápida e sucinta as vantagens da montaria: ?O cavalo chama a atenção e serve de elemento de relações públicas, dentro da filosofia de policiamento comunitário; uma viatura leva três segundo para passar diante de um imóvel, o cavalo vai levar pelo menos um minuto, aumentando o tempo de policiamento; cavalo entra onde moto e carro não entram, e, por fim, em questão de segundos o cavalo pode transformar sua missão de ostensiva-preventiva para a de choque e repressiva. É só o cavaleiro dar o comando?.

Capitão Neto e a Filha da Savana.

Parece fácil, mas não é. Os cavalos em patrulhamento chegam a ficar até oito horas andando pela cidade, com paradas a cada 45 minutos. Carregam no lombo cerca de 100 quilos, entre cela e cavaleiro (este usando colete balístico, pistola, bastão e capacete) e passam por um treinamento rigoroso antes de sair às ruas. Na própria unidade, são treinados durante os três primeiros anos de vida, para aprender a suportar buzinaços, sons de freadas, bombas e rojões, dentre outras coisas.

Atividades especiais

Paciente da equoterapia.

Além do policiamento de rotina, a Cavalaria possui duas missões diferenciadas, como explica o comandante do regimento, major Heraldo Regis B. da Silva, 43, que está há 12 anos na unidade e coleciona troféus e medalhas das competições de que participou por todo o Brasil. Ele é um exímio saltador.

No regimento, treinamento duro, até de trás pra frente.

Porém, mais do que seus prêmios, ele se emociona ao falar do programa Formando Cidadão, desenvolvido no regimento, que recolhe garotos em situação de risco e no contraturno da escola os deixa aquartelados, aprendendo a lidar com animais, a montar e desenvolver importantes atividades de socialização.

Major Heraldo, o comandante.

Mas a ?menina dos olhos? de todos é a equoterapia, um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo nas áreas de sáude, educação e equitação, buscando o desenvolvimento de pessoas portadoras de deficiência ou necessidades especiais.

Major Lorival, no subcomando.

Crianças com paralisia têm apresentado resultados surpreendentes com o tratamento, para felicidade de seus familiares e dos instrutores. Vale lembrar que os policiais que trabalham com a equoterapia são voluntários não recebem nada a mais por isso. (MC)

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