Polícia caça matadores de delegado

A Polícia Civil divulgou ontem o retrato falado de três suspeitos do envolvimento na morte do delegado de Pontal do Paraná, José Antônio Zuba de Oliva, 47 anos, e do funcionário público municipal Adilson da Silva, 42. Os criminosos foram identificados como Felipe “Tex”, Paulo “Tutancamon”, e Paulo “Ganchinho”, os dois últimos foragidos do Bangu 4 (Presídio Jonas Lopes de Carvalho), no Rio de Janeiro.

Logo depois do crime, a polícia prendeu Francisco Diego Vidal Coutinho, 20, que havia escapado da cadeia em Niterói (RJ) e participou do tiroteio que matou o policial e seu auxiliar. O delegado, Adilson Silva e duas investigadoras foram surpreendidos pelos criminosos, na manhã de terça-feira, ao averiguar denúncia num camping do balneário Olho D’água. As investigadoras contam que sobreviveram “por milagre”.

Descrição

Os suspeitos aparentam ter entre 30 e 35 anos. Um deles é moreno escuro, de cabelos curtos e usava camiseta e calça jeans. Outro tem pele e olhos claros, cabelos castanhos claros, porte atlético, cerca de 80 quilos e, no momento do crime, usava camiseta amarela, bermuda clara e portava pistola. O outro suspeito também tem pele e olhos claros, 70 quilos, 1,70 metro, cabelos pretos e encaracolados, portava pistola e vestia camiseta da seleção brasileira, short branco estampado e usava relógio com ponteiros azuis. Quem souber do paradeiro dos suspeitos deve informar a delegacia de Paranaguá, pelo telefone (41) 3420-3666 ou o Cope, pelo (41) 3284-6562 ou 3284-6536 e pelo 190.

A polícia montou força-tarefa no litoral do Estado. O delegado Rodrigo Brown, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), encarregado das investigações, informou que a polícia segue vistoriando carros e caminhões nas estradas que dão acesso à região em busca dos criminosos, com apoio da polícia de Santa Catarina e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Duas aeronaves dão cobertura às buscas.

Famintos e armados


Mara Cornelsen

O clima está tenso no litoral, com a contínua caçada aos três acusados de matar o delegado de Pontal do Paraná e um de seus auxiliares. As buscas concentravam-se ontem em Matinhos, especialmente na área de mata nativa, perto de onde eles abandonaram os dois carros usados para a fuga, um Honda Civic e uma BMW, ambos com placas do Rio de Janeiro.

Durante a madrugada de ontem, moradores ouviram assovios vindos do mato, como se pessoas estivessem tentando se comunicar, e os cães da vizinhança ficaram muito agitados. Isso fortaleceu a suspeita dos policiais, de que os bandidos ainda não deixaram a região e colocam em risco moradores e comerciantes, já que devem estar com fome e apenas com a roupa do corpo suja de lama, porém fortemente armados. Eles portam uma submetralhadora e pistolas automáticas.

Ouro

Os quatro bandidos cariocas chegaram ao litoral na sexta-feira da semana passada e ficaram em uma casa alugada, em Matinhos. Na segunda-feira pela manhã, vieram para Curitiba negociar uma peça em ouro (cerca de 25 gramas), que trouxeram do Rio. Encontraram um comprador através de anúncio de jornal e venderam por pouco mais de R$ 900,00. O comprador foi localizado pela polícia e indiciado por receptação.

Por volta das 18h de segunda eles voltaram para o litoral. Desta vez, seguiram para o camping Olho D’Água, no balneário de mesmo nome, e montaram uma barraca, avisando aos zeladores que pretendiam, no dia seguinte, ir para a Ilha do Mel. No entanto, na terça-feira de manhã, o delegado José Antônio Zuba de Oliva, foi avisado que os rapazes poderiam ter drogas nas mochilas. Ao verificar a denúncia, ocorreu o confronto.

Motivo

O objetivo da vinda do quarteto para o Litoral ainda não foi apurado. O preso Francisco Diego Vidal Coutinho, 20, já apresentou v&aac,ute;rias versões, porém nenhuma foi convincente. Comentários davam conta que o grupo pretendia fazer assaltos a bancos; outros já afirmavam que iriam resgatar um preso e até que pretendiam sequestrar uma pessoa famosa, que estaria na Ilha do Mel. A versão de assaltos é a mais provável. Não há nenhum preso de relevância a ser resgatado nas delegacias litorâneas e praticar sequestro em uma ilha seria um plano pouco inteligente.

Homenagem

Mara Cornelsen

O corpo do delegado José Antônio Zuba de Oliva foi velado até as 15h de ontem, na Câmara de Paranaguá, de onde saiu, em um carro do Corpo de Bombeiros, após salva de tiros dos colegas da Polícia Civil, para o crematório Vaticano, em Campina Grande do Sul. Viaturas das polícias Civil e Militar acompanharam o translado do corpo, juntando-se a outras da capital e do interior que aguardavam o cortejo no pedágio da BR-277, acompanhando-o até o crematório, como última homenagem. O funcionário público municipal Adilson da Silva, 42, foi velado no salão de uma igreja evangélica, em Shangri-lá, e sepultado às 14h, em Pontal do Paraná.