PM terá 20 dias para apurar agressão contra jornalista

O jornalista Cahuê Miranda, detido pelo soldado Robson Luiz dos Anjos Nascimento, lotado no 13.º Batalhão da Polícia Militar, por desacato a autoridade, foi ouvido ontem em sindicância aberta para apurar irregularidades ocorridas no clássico Atlético 4 x 0 Paraná (28/10), pelo Brasileirão. Acompanhado pelos advogados Alexandre Knopfholz e Gustavo Scandelari, do escritório do professor René Dotti, o jornalista contou detalhes do que ocorreu naquele dia, quando a reportagem da Tribuna flagrou a PM agredindo dois torcedores rubro-negros, na saída do jogo.

O repórter fotográfico Valquir Aureliano, que registrava a confusão, levou uma cotovelada do soldado Robson. Cahuê se dirigiu ao soldado e pediu a sua identificação. Robson questionou-o, querendo saber quem era ele. Cahuê, que estava com a identificação da Tribuna, pendurada no pescoço, disse que era jornalista e estava trabalhando. O soldado respondeu que ?jornalista e m… eram a mesma coisa?. Na ocasião, Cahuê, retrucou: ?E o senhor é o quê??, momento em que foi preso por desacato a autoridade e encaminhado ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac). O jornalista foi algemado e só não foi colocado no camburão da viatura porque o advogado Eduardo Miléo, que presenciou o caso, interveio, chegando a acompanhar Cahuê até o Ciac, para garantir a integridade e segurança do jornalista.

Sindicância – O tenente Ceschin, que ouviu o depoimento de Cahuê, informou que a sindicância foi instaurada para apurar se houve algum ilícito, não só contra o repórter, mas em todos os fatos ocorridos após o clássico. ?Temos 20 dias úteis para concluir a sindicância, que pode ser prorrogada por mais 10. Depois o comandante terá 8 dias para apresentar sua conclusão?, explicou.

Inquérito pode ter 3 desdobramentos

O tenente Ceschin, que ouviu o depoimento de Cahuê, disse que a sindicância poderá ter três conseqüências. A primeira delas é que, se for comprovado que houve indícios de crime, a sindicância será encaminhada para a Justiça Militar, que deverá instaurar ação penal. No caso de ser apurado que houve transgressão disciplinar, o soldado Robson será submetido às normas do Regimento Disciplinar, que prevê punições, entre elas a prisão disciplinar?, diz Ceschin. Se for avaliado que não houve indícios de crime ou de transgressão, a sindicância será arquivada.

Ceschin explicou que Robson continua desenvolvendo suas atividades no setor de informática do 13.º Batalhão. ?Temos que lembrar que não podemos fazer julgamentos precipitados. Nossa Constituição prevê o devido processo legal e a ampla defesa?, enfatizou.

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