PIC prende delegado acusado de concussão

Acusados de cobrar de R$ 20 a R$ 25 mil para libertar César Kazumi Kamura, 27 anos, mais conhecido como “Japonês”, policiais da Delegacia de Homicídios foram presos em flagrante por promotores da PIC – Promotoria de Investigação Criminal -, no fim da tarde de ontem. O delegado Stélio Machado, titular da DH, o superintendente Paulo Roberto Knupp e um escrivão foram conduzidos à Corregedoria da Polícia Civil, onde foram autuados por concussão (extorsão feita por funcionário público).

O promotor Ramatis Fávero, coordenador da PIC, informou que a promotoria de Londrina já estava investigando “Japonês” e a Justiça havia concedido sua prisão preventiva. No início da manhã de ontem, policiais da Delegacia de Homicídios estiveram em um chácara na localidade de Mossoroca, em São José dos Pinhais, e prenderam o homem em flagrante. “Ele estava de posse de um jet ski roubado. Na verdade, o crime era receptação. Talvez, os policiais da Homicídios nem soubessem do caso de Londrina”, afirmou Ramatis.

Ele disse que há vários policiais envolvidos na extorsão, que serão identificados pela vítima, neste caso “Japonês”. “Todos serão autuados em flagrante. Temos informação que são muitas pessoas”, disse o promotor. Ramatis não soube precisar o valor pedido pela polícia. “Talvez algo em torno de R$ 16 mil”, arriscou.

Telefonema

A esposa de “Japonês”, Marilza Kamura, em entrevista exclusiva à Tribuna, confirmou que os policiais solicitaram que ela providenciasse dinheiro para libertar seu marido. A mulher contou que estava na chácara, no momento da prisão de seu marido, mas ficou sem saber o que fazer. Por volta das 9h30, ela recebeu um telefonema de “Japonês”. “Ele ligou dizendo que era para arrumar de R$ 20 mil a R$ 25 mil para que ele fosse solto. O dinheiro tinha que ser entregue até as 16h”, resaltou.

Marilza desligou o telefone e tentou conseguir levantar o dinheiro, para tentar libertar o marido. O que ela, seu marido e os policiais da Delegacia de Homicídios não sabiam é que “Japonês” havia realizado a ligação de um telefone celular pertencente a um policial, que estava sendo monitorado pela Promotoria de Investigação Criminal.

Dinheiro

Sem saber onde levantar a volumosa quantia, Marilza começou a procurar amigos e a pedir para que lhe emprestassem o dinheiro, mas nada conseguiu. “Um amigo me aconselhou a contratar um advogado. Eu estava com medo da polícia bater no meu marido porque eu não tinha o dinheiro”, disse.

Por volta das 16h, Marilza foi até o escritório do advogado, no centro da cidade, e relatou o pouco que sabia da situação da prisão. O advogado foi até a Delegacia de Homicídios e logo que chegou para conversar com “Japonês” e levar a procuração para que ele assinasse, já que havia sido contratado por Marilza, os promotores da PIC chegaram e efetuaram o flagrante.

Todos os acusados foram ouvidos na Corregedoria da Polícia Civil, que deverá abrir inquérito para investigar o caso. Enquanto isso, eles permanecerão presos.

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