PIC acusada de invadir escritório

O advogado Antônio Pellizzetti, o investigador da Polícia Civil Aparecido Lopes, o “Cido”, 45 anos, e o secretário do advogado, Ricardo Tadeu Kusch, denunciaram ontem que a Promotoria de Investigação Criminal (PIC) invadiu o escritório do defensor, na Rua Castro Alves, no Água Verde, em Curitiba, quebrou portas, arrombou cofre e levou todos os processos lá existentes. Além de agredir fisicamente Aparecido Lopes e Ricardo, com chutes e socos. Dos três, somente o policial foi preso, sob a acusação de estar de posse da Ranger placa AGK-3125, documentada em seu nome, mas com queixa de furto dada por uma outra pessoa no 13.º Distrito de São Paulo.

De acordo com os denunciantes e outros funcionários do escritório, por volta das 11h30 de terça-feira, um carro encostou no portão da casa onde funciona o escritório, inclusive com uma placa chumbada na parede. “Como aqui é um escritório de advocacia, quando as pessoas encostam o carro no portão abrimos. Desceram quatro homens de preto. Em seguida, vários outros começaram a pular o muro. Ninguém se identificou como policial. Pensei que era um assalto”, argumentou Ricardo. Ele disse que todos os clientes do escritório foram obrigados a deitar no chão. “Eu e muitos outros levamos chutes e socos”, salientou o secretário do defensor, que só tomou conhecimento que se tratava de promotores e policiais depois. “Fiquei estarrecido. Não sabia que eles podiam fazer isso”, comentou o rapaz.

Investigador

O investigador Aparecido Lopes se diz vítima de injustiça. “Primeiro a PIC consegue um mandado de prisão me acusando de um homicídio. Eles só tinham uma arma e um bilhete dizendo que fui eu que matei. Sou policial há 18 anos e isso não incrimina ninguém. Tanto que fui libertado há 13 dias”, salientou o policial. Ele alegou que a perseguição se deve ao fato de ser negro.

Aparecido disse que não tinha necessidade dos policiais do Gerco algemá-lo. “Ainda me deram socos. Olha as marcas. Apertaram as algemas. Vou fazer exame de corpo delito. Isso não se faz. Ainda mais na frente de quatro promotores que não fizeram nada para impedir. Só porque sou negro e policial não tenho direitos?”, indagou Aparecido.

Defensor

O advogado Antônio Pellizzetti disse que já requereu à Central de Inquéritos que o investigador seja submetido a exame de corpo delito. “Autuaram o Cido por favorecimento pessoal e por receptação”, disse o defensor. O primeiro crime seria porque Antônio Aparecido Raymundo, 40 anos, estava na empresa. “Para começar o Raymundo não deve nada. Estão procurando um Raimundo com i, com outra filiação e outros números de documentos. Depois os dois estavam em meu escritório”, salientou.

Pellizzetti disse que o investigador havia montado uma empresa de segurança, que deveria funcionar na casa, mas houve alguns imprevistos e o negócio se tornou inviável. No dia 20 de fevereiro de 2003, o contrato foi firmado com a empresa Achinical S/A, de Mogi das Cruzes. O investigador e seus sócios deram quatro carros na negociação de um helicóptero, entre eles a Ranger de Aparecido. “Só que o destrato foi feito no dia 26 de março de 2003 e ficou acertado que a caminhonete seria devolvida. Como foi. O empresário mandou entregar para o Aparecido no domingo”, disse o defensor.

Na segunda-feira, Aparecido descobriu que um pessoa teria dado queixa de furto falsa do veículo. Ele comunicou Pellizzetti, que o orientou a guardar o veículo em seu escritório, até que a situação fosse resolvida. “Esse fato será esclarecido nos próximos dias. Um dos sócios da empresa já está verificando porque seu funcionário deu queixa de furto da caminhonete. Na verdade foi essa pessoa que cometeu um crime”, disse o defensor.

A assessoria de imprensa da PIC informou que só irá se pronunciar amanhã sobre o assunto, depois de tomar ciência das denúncias através da imprensa.

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