Patrimônio cultural vira abrigo para moradores de rua

Tombado pelo Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, um casarão abandonado vem sendo utilizado por moradores de rua como ponto de prostituição e uso de drogas, no Parolin, em Curitiba. A invasão vem causando preocupação aos vizinhos da residência, localizada na esquina da Rua Brigadeiro Franco com a Travessa Livorno.

?É uma movimentação intensa de pessoas durante todo o dia. Mulheres esperam na esquina para levar os homens até a casa. De fora, é possível ver eles se drogando e praticando sexo?, contou Dayene Ramos, que mora próximo ao casarão. De acordo com ela, a região também passou a ficar perigosa após a invasão. ?Já ouvi até tiroteio durante a noite?, disse.

Jackson Jansen, outro vizinho da casa, também denunciou a situação do imóvel, lembrando que já enviou requerimento à prefeitura solicitando a limpeza do local. ?Mas, até agora, nada foi feito?, lamentou Jackson, que recentemente teve sua casa ?visitada? por um dos moradores do ?mocó?. ?Ele tentou entrar pela minha janela, mas foi visto a tempo. Depois de fugir, entrou no casarão?, relatou. Tanto Jackson como Dayene afirmaram que a polícia já foi acionada diversas vezes, mas não resolveu a situação.

Além do problema da segurança, as reclamações também são voltadas ao estado lastimável em que se encontram o imóvel e o terreno. De acordo com os vizinhos, freqüentemente são encontrados dezenas de ratos passeando pelo gramado, além da enorme quantidade de lixo que existe dentro e fora da residência.

Jackson ainda afirmou que entrou em contato com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e foi sugerida a idéia de desapropriar a área para utilizá-la em benefício público. ?Seria criado um centro de saúde, mas mudou a direção do instituto e o assunto morreu?, explicou.

Casarão

Walter Alves
Imóvel tombado pelo
Patrimônio Cultural é usado
como prostíbulo e local pra
consumo de drogas.

De acordo com a lei que dispõe sobre o patrimônio histórico, artístico e natural do Estado do Paraná, ?as coisas tombadas não poderão em caso nenhum ser destruídas, demolidas ou mutiladas?. Porém, segundo os vizinhos, não é essa a realidade do casarão. ?Já quebraram um portão de entrada da residência e lá dentro está tudo depredado?, observou Dayene.

No Cartório de Registro de Imóveis da 5.ª Circunscrição de Curitiba, o casarão está em nome de Adroaldo Thomé, que teria adquirido o imóvel no dia 10 de dezembro de 2001. Porém, as informações são de que Adroaldo teria vendido o lote para uma construtora, embora a transferência ainda não tenha sido oficializada no cartório.

História

Construída no início do século passado, a casa é conhecida como ?Casarão dos Parolins? e foi tombada em 12 de março de 1991. Segundo a Prefeitura Municipal de Curitiba, seu tombamento foi justificado em função de sua importância histórica para o bairro e para a cidade. O jardim, com diversas árvores, é o último remanescente da área original de 100 alqueires que pertencia aos três irmãos Parolin.

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