Operação acaba com cartel de combustíveis em Londrina

A polícia desmanchou ontem um cartel formado por donos de postos e distribuidoras de combustíveis que atuava em Londrina e região. Quatorze pessoas foram presas e 45 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em 28 postos até o final da tarde. Diversas armas foram apreendidas. A operação, batizada de Medusa III, foi continuação de outras duas realizadas em Londrina e na Região Metropolitana de Curitiba este ano.

De acordo com a polícia, uma distribuidora, a OilPetro, de propriedade de Djalma Eugênio Guarda, já havia sido investigada nas operações anteriores. Guarda também é o proprietário de postos de combustíveis, o que, segundo o delegado Marcus Vinícius Michelloto, titular da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, é ilegal. Os proprietários dos postos combinavam os preços e forçavam, muitas vezes com ameaças, os concorrentes a praticar o mesmo valor. ?Além de montar um esquema para acabar com a concorrência e elevar os preços dos combustíveis, a quadrilha ainda comprava, de uma gráfica, notas fiscais que não eram autorizadas pela Receita Estadual. Assim, eles sonegavam ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), comprando e duplicando notas frias?, explicou Michelloto. Os acusados responderão por formação de cartel e de quadrilha, falsificação de documentos, estelionato, corrupção ativa e passiva e crimes contra a ordem tributária.

Na Operação Medusa II, a Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas descobriu uma quadrilha acusada de sustentar o esquema de vendas de notas ficais frias para que distribuidoras e usinas de álcool combustível pudessem sonegar impostos no Paraná e em Santa Catarina. Segundo Michelloto, na época, foram descobertos indícios de que um esquema parecido poderia estar acontecendo em Londrina. Nas outras duas operações, fora descobertos lucros indevidos e desvios de mais de R$ 65 milhões.

Além de lucrar com a fixação de preços e sonegação de impostos, a polícia descobriu que alguns postos se aproveitavam de um software (programa de computador) que, conectado às bombas de combustíveis por um computador, fraudava a quantidade de litros vendidos. O programa fazia com que o que foi vendido durante o dia não fosse contabilizado, burlando a fiscalização da Receita Estadual.

Sindicato teria pedido ação à polícia

O presidente do Sindicato dos Proprietários de Postos de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Roberto Fregonese, afirmou ontem que a operação realizada em Londrina foi um pedido da entidade. O sindicato, segundo ele, teria, inclusive, munido a polícia com informações.

Fregonese afirmou que essa operação deve gerar muitos desdobramentos e que há problemas que precisam ser investigados também nas regiões oeste e sudoeste do Estado. O presidente do Sindicombustíveis-PR apontou que há fraudes principalmente na venda do álcool combustível. E um dos motivos pode ser a facilidade de acesso, já que boa parte das usinas de álcool do Paraná está na região norte do Estado. ?Ainda existe muita coisa para ser apurada. Acho que terão desdobramentos sensacionais no inquérito. Apenas 40% da missão foi cumprida?, afirmou.

Fregonese disse que é preciso apurar o envolvimento de usinas de álcool no esquema. As distribuidoras de combustíveis compram dois tipos de álcool das usinas: o anidro, que compõem 25% da gasolina, e o hidratado, que é vendido como combustível. Segundo ele, muitos comerciantes estariam comprando o anidro, adicionando água convencional e vendendo como se fosse hidratado. Mas o combustível verdadeiro é hidratado com um produto especial.

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