Neviton usava IR de empresários

“Quanto mais mexe mais fede”, é o ditado popular que cabe como uma luva para resumir a situação de Neviton Pretty Caetano, dono do site TV Injustiça, acusado de centenas de casos de estelionato e outros crimes. A cada dia as autoridades descobrem uma nova tramóia do megavigarista. Os “quilos” de documentos do estelionatário que foram apreendidos pela polícia começaram a ser analisados pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e o que já foi encontrado complicou ainda mais a situação de Neviton.

Em meio ao material apreendido foram encontradas declarações completas de imposto de renda de grandes empresários da capital. De acordo com a OAB, Neviton usava os documentos para saber quanto dinheiro tinham os executivos para depois ameaçá-los, por algum motivo inverídico, e por fim extorquí-los. O que será investigado é como Neviton conseguiu ter acesso a esses documentos, já que estão protegidos por sigilo fiscal. Uma hipótese levantada é de que ele mantinha contato direto com os contabilistas ou com alguém da Receita Federal.

Calotes

Também foram analisadas diversas fichas de cobranças da empresa Vera Cruz, de propriedade do acusado, que prestava atendimento jurídico. Nas fichas constavam valores entre R$ 4 e R$ 5 mil, que eram cobrados dos clientes para pagar custas judiciais. Porém, Neviton entrava com pedido na Justiça gratuita, falsificava a assinatura do cliente, e ficava com todo dinheiro.

Os documentos também revelaram que o estelionatário era especialista em dar “calotes” nos seus devedores. Neviton investiu em propaganda maciça para conquistar clientela para a empresa Vera Cruz, com mídia em várias rádios e empresas de outdoor. Quando as empresas lesadas procuravam a Justiça e Neviton era chamado para esclarecer a situação, ele dizia que jamais tinha contratado os serviços. Porém, ao analisar os documentos foram encontradas várias notas fiscais das empresas lesadas, o que desmentiu a versão dada pelo estelionatário. Também foi encontrada uma ordem de despejo, por falta de pagamento de aluguel da antiga sede das empresas do estelionatário, localizada na Rua Dr. Murici.

Advogados

A OAB ainda apurou que os advogados que trabalhavam para Neviton abandonaram seus clientes. Quinta-feira havia uma audiência marcada no juizado especial de um cliente da Vera Cruz contra um banco, porém nem o rapaz nem a advogada Andreza Maria Beotoni apareceram na audiência. Possivelmente o cliente não sabia que deveria comparecer no juizado, porque a advogada não o avisou.

Na segunda-feira a OAB deve receber um relatório com dados de um outro estelionatário que age da mesma forma que Neviton, e promete ir a fundo nas investigações. “A comissão de fiscalização da OAB promete perseguir este tipo de escritórios de falsos advogados que mercantilizam a advocacia. Com a prisão de Neviton, quem pretender alimentar este tipo de crime terá o mesmo fim que ele, pois agora que o primeiro foi descoberto, os outros não durarão muito”, disse Samir El Hajjar, vice-presidente da Comissão de Fiscalização do Exercício Profissional, da Subseção de Curitiba e Região Metropolitana, da OAB do Paraná.

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