MP pede prisão de seis no caso Syngenta

O Ministério Público (MP) estadual denunciou ontem 19 pessoas envolvidas no confronto que resultou na morte do segurança Fábio Ferreira e do militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Valmir Mota de Oliveira, em outubro, na fazenda da Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste. Além de encaminhar a denúncia à 1.ª Vara Criminal de Cascavel, o órgão solicitou prisão preventiva de seis deles.

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) já prendeu Nerci de Freitas, dono da N.F. Segurança Ltda. e os seguranças Alexandre Almeida e Alexandre de Jesus. O segurança Rodrigo Ambrósio e os sem terra Celso Barbosa e Célia Lourenço, até o início da noite de ontem, estavam foragidos.

A promotora de justiça Fernanda Garcez explicou que o MP entendeu que essas pessoas tiveram atuações mais destacadas e de liderança no confronto. ?Para manter a ordem pública, achamos melhor pedir a prisão preventiva.? A prisão de Freitas e dos três seguranças já havia sido solicitada pela Polícia Civil. No entanto, os dois líderes do MST sequer foram citados no inquérito policial.

A promotora esclarece que o MP apenas interpretou diferente as provas colhidas pelo Cope. De acordo com ela, entre as conclusões dos promotores está a de que uma milícia armada foi formada por parte dos fazendeiros da região para cumprirem a retomada das terras. No entanto, eles também concluíram que os sem terra tiveram participação. ?A partir do momento que os sem terra executaram a ocupação, mesmo sabendo da existência das milícias, eles assumiram o risco. Entraram lá para matar ou morrer. Já o dono da empresa assumiu o risco de morte ao mandar, cinco horas depois, mais seguranças para a área.?

Sobre a denúncia contra Alessandro Meneguel, presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO) e do Movimento Ruralista do Oeste (MRO), ela explica que a participação dele foi na formação das milícias. ?As milícias estão formadas e estabelecidas na região desde o início do ano, com a desculpa da demora do governo estadual em cumprir as reintegrações de posse?, afirma.

A Via Campesina comentou que ?na denúncia os trabalhadores estão sendo responsabilizados pelo ataque do qual foram vítimas. O absurdo maior é em relação a Isabel Nascimento de Souza, que quase foi executada, mas levianamente está sendo denunciada por tentativa de homicídio?, traz o texto.

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