Infâncias roubadas

Metade das meninas da rua de José foram abusadas por ele

Metade das meninas da rua onde morava o árbitro José Aparecido de Santana, 45 anos, em São José dos Pinhais, pode ter sido abusada por ele. A menina, de 13 anos, que foi abusada quando tinha 10, contou ao Conselho Tutelar que outra criança, de 7 anos, filmava as relações sexuais e também era abusada. “Por que só o meu caso foi pra imprensa?”, perguntou a vítima à conselheira. A menina citou outras colegas que teriam “passado” pelo sobrado de José.

As denúncias surgiram no começo de 2010, quando o Conselho Tutelar foi procurado pela mãe de uma menina, de 7 anos, que suspeitava dos abusos. O boletim de ocorrências foi feito na Delegacia da Mulher, mas nada foi comprovado. O “buchicho” no bairro serviu para que José parasse de abusar das meninas, conforme contou a conselheira que atendeu o caso na época.

Estarrecedor

Na delegacia, a garotinha, que na época tinha 7 anos, confirmou que José também abusava dela, mas sem conjunção carnal, no sobrado em construção, onde hoje ele mora com a esposa e dois filhos. Ela relatou que o homem a mandava subir em uma escada para que pudesse fotografar seu órgão genital, pelos vãos dos degraus. E quando o tarado mantinha relações sexuais com uma, fazia a outra fotografar ou filmar.

A menina de 13 anos, que sempre negou os abusos, com as fotos entregues à polícia nesta semana confirmou o que acontecia. Ela teve vários acessos de choro, mas relatou tudo por que passou e indicou as outras meninas supostamente abusadas por José. Conforme contou, ele passava de carro, as convidava para dar umas voltas e depois as levava para o sobrado. A garota vai começar o tratamento psicológico na semana que vem, no Cras.

Reincidente

Estas não seriam as primeiras acusações de pedofilia contra José. Em 2002, ele respondeu a um processo pelo mesmo crime em Camboriú (SC). Ele se apresentava na vizinhança como advogado. Numa busca na internet, é possível encontrar documentos de uma Câmara de Mediação e Arbitragem em Curitiba, onde sua profissão é designada como advogado. Porém não há registro de seu nome na OAB.

Família em Frangalhos

Quando a mãe da menina de 7 anos registrou o boletim na Delegacia da Mulher, o pai da criança não acreditou nas denúncias. Segundo a conselheira tutelar, o homem dizia que a mulher tinha inventado tudo, que ela era louca e o casal teve uma briga feia. O Centro de Referência da Assistência Social (Cras) do bairro precisou intervir e remover a mãe, com seus quatro filhos (a garotinha era a mais velha de todos), para a casa de parentes, no interior do estado. Ela deve ser trazida para ser ouvida na delegacia, na semana que vem.

A conselheira contou que o homem queimou os móveis e destruiu a casa, para que a mulher e as crianças não tivessem como voltar. Ele e o pai da outra garotinha continuaram amigos de José. A menina, hoje com 9 anos, deverá vir do interior para ser ouvida na delegacia de São José dos Pinhais. Ela é acompanhada por psicólogos desde que a família mudou para o interior.

Confira o vídeo do momento da prisão de José.