Identificado mandante de chacina

A Polícia Civil identificou e tem em mãos um mandado de prisão contra o suposto mentor da “chacina de Colombo”, como vem sendo chamada a mais cruel seqüência de assassinatos já registrada pela polícia paranaense. O acusado, cujo nome está sendo mantido em sigilo, teria interesse em eliminar o traficante Hélio Dias Duarte para comandar o comércio de drogas na Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara. Dois dos suspeitos de executar nove pessoas na noite de 28 fevereiro, e um terceiro – que teria lhes fornecido as armas -, continuam presos e participam hoje da reconstituição do crime.

Desde que os suspeitos – Marcos Antônio Taverna, 27 anos, e Marcos Roberto Jardim Proceke, 26 -, foram capturados, a polícia trabalha com a hipótese de a chacina ter um mandante. A delegada Nilcéia Ferraro da Silva, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), responsável pela investigação – juntamente com o delegado Messias Antônio da Rosa, do Alto Maracanã -, prefere não adiantar detalhes sobre esse possível mandante, que está com prisão temporária decretada pela Justiça. “Nós sabemos se os autores foram instruídos a agir com tamanha violência ou o fizeram por conta própria”, falou Nilcéia. Segundo Messias, a intenção desse mandante seria desbancar Hélio e tomar conta do comércio de drogas na CPA.

PCC

Os delegados rechaçam a possibilidade do PCC (Primeiro Comando da Capital, organização criminosa nascida nos presídios de São Paulo) ter envolvimento direto com o caso. Uma informação chegada à polícia dá conta que Hélio seria uma espécie de “caixa” do grupo, mas estaria desviando o dinheiro, e a violência contra ele e sua família seria um “exemplo” para coibir tal atitude. “Ouvi na Colônia Penal que Taverna era soldado do PCC, mas não acredito que o grupo esteja por trás. Eles estão falidos e querem se valorizar atribuindo a si a autoria da chacina”, suspeita Messias.

Na reconstituição, marcada para as 14h de hoje no local do massacre (Rua Isabel Capelari Antoniani, Alto Maracanã), a polícia espera esclarecer mais detalhes do crime. Marcos Taverna e Marcos Proceke explicarão suas versões separadamente. Voluntários farão o papel das vítimas. “Este trabalho é importante, dentre outras coisas, para sabermos a participação exata de cada um no momento dos crimes. Um sobrevivente afirma que Taverna fez as execuções a tiros e que Proceke teria usado a picareta para matar as crianças”, afirmou Nilcéia.

Reconstituição será hoje

Mara Cornelsen

A reconstituição da “chacina de Colombo” deverá mobilizar grande aparato policial. A casa, onde nove pessoas foram brutalmente executadas – inclusive crianças – será isolada e não há previsão do tempo que a polícia levará para recompor as cenas de horror e violência. Curiosos deverão permanecer afastados com a ajuda da Polícia Militar. Teme-se inclusive pela segurança dos dois suspeitos que irão revelar detalhes da matança.

Era noite de sexta-feira, antes do Carnaval, e a família de Hélio Dias Duarte, 51, estava reunida em casa. Dois homens, ocupando uma motocicleta, chegaram e foram recebidos com cerveja e cigarros de maconha. Em meio a conversa, eles sacaram as armas, dominaram a todos e iniciaram um ritual de crueldade, amarrando e amordaçando as vítimas. As primeiras a morrer foram as crianças. Diante dos olhos atônitos dos pais, tiveram as cabeças partidas a golpes de picareta (ferramenta que estava dentro da casa). Os demais foram mortos a tiros.

Com a prisão dos suspeitos, a polícia apurou que Hélio foi obrigado a assistir a execução dos filhos, como castigo por dominar a venda de drogas na Colônia Penal Agrícola, atividade pretendida por outro traficante, que agora está sendo procurado.

Morreram naquela noite: Kauã dos Santos Duarte, 4 anos; Kauê dos Santos Duarte, 8; Renam Alberto Duarte,14; Rosa Mendes Duarte, 72; Teófilo Inácio Pontes, 85; Ricardo Aurélio Duarte, 29; Luciano Augusto Damásio, 27; Josiane Borges dos Santos, 29, e Hélio Duarte, 51. Uma jovem, Luciane, fingiu-se de morta após receber um tiro no pescoço e sobreviveu, assim como um bebê de um ano de idade, único a não ser atacado pelos bandidos.

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