“Homem-Aranha” admite 900 furtos

Valter Alexandre da Silva, 20 anos, o famoso “Homem-Aranha”, acusado de ter invadido e furtado mais de 40 apartamentos desde o final do ano passado, foi apresentado ontem à imprensa, vestindo uma camiseta do personagem que lhe valeu o apelido. Preso na última sexta-feira, ele foi alvo de um grande cerco policial realizado na favela do Parolin, que contou com a participação dos investigadores da Delegacia de Furtos e Roubos e policiais militares, conforme foi noticiado com exclusividade pela Tribuna.

A agilidade de Valter chegou a surpreender os policiais, que só conseguiram detê-lo depois de o balearem por duas vezes. Atingido na perna e de raspão na cabeça, ele se escondeu em uma casa, mas,denunciado por populares, foi localizado pela polícia, escondido no quarto de uma residência, embaixo da cama. O próprio delegado titular da DFR, Rubens Recalcatti, pôde verificar a destreza do acusado. “Fui o primeiro a abordá-lo no cerco policial e o agarrei. Ele se mexeu um pouco e escapou. Fiquei com a camiseta dele em minhas mãos”, relembra o delegado. Depois disso, foram inúmeros muros e casas escaladas por Valter para ser detido somente três quadras adiante, já baleado.

Antecedentes

A Delegacia de Furtos e Roubos vinha investigando a ação do ladrão desde outubro do ano passado. Oficialmente há o registro de 18 boletins de ocorrência contra o detido, no período de dezembro até a data de sua prisão. “Nesse tempo ele escalou entre 5 e 6 prédios e entrou em cerca de 40 apartamentos”, afirmou o delegado. Porém esses números são contestados pelo próprio preso, que gosta de contar suas façanhas. Ele disse que atua desde 1999 e que já entrou cerca de 900 apartamentos desde então. Atacava prédios num intervalo de quatro dias e, segundo dados da DFR, invadia, em média, entre cinco e dez apartamentos por prédio. “Os que estivessem com janelas ou portas de sacadas abertas, ele entrava”, contou Recalcatti. No último furto imputado a ele, foram visitados 11 apartamentos num prédio na Avenida Getúlio Vargas, na quarta-feira passada.

Pára-raios

O “Homem-Aranha” utilizava principalmente os fios de pára-raios para fazer suas escaladas. A altura não fazia diferença para ele, que praticou furtos em apartamentos situados acima do 10.º andar. Na maioria das ações, o “Homem-Aranha” fugia com as mercadorias furtadas utilizando um táxi.

Até o mês de fevereiro ele contava com a companhia da mulher, Andressa Cardoso Ferreira, na prática dos crimes, mas ela foi presa pela Polícia Militar.

Ladrão também fazia as vezes de “Robin Hood”

O “Homem-Aranha” curitibano apresentava algumas peculiaridades. Durante as suas invasões aos apartamentos tinha por costume verificar o que as vítimas tinham em suas geladeiras. Dependendo do que encontrasse fazia lanches na cozinha. “Ele tinha queda por musse de maracujá”, contou o investigador Henrique. Outra característica era o “aspecto social” de seus furtos. De acordo com Valter, o que ele arrecadava nos apartamentos trocava por droga para consumo e também ajudava crianças da favela. “Dava brinquedos e comida para elas”, contou. Essa prática de “Robin Hood” (tirar dos ricos e dar aos pobres) não é aceita pela polícia. Segundo o delegado Recalcatti, ele realmente trocava grande parte do que furtava por crack, pois é usuário. “Muitas das coisas de valor que ele furtou trocou por pedras de crack e admitiu não conhecer direito ouro e jóias”, afirmou o delegado. A estimativa é de que o “Homem-Aranha” tenha furtado aproximadamente R$ 100 mil em objetos, somente nos casos registrados pela especializada.

Como a polícia não conseguia chegar até ele, Valter começou a se achar importante. Certa vez, após cometer um furto, entrou num táxi e disse ao motorista que aquela corrida era especial, pois ele (motorista) estava levando gente importante. E depois se identificou como o “Homem-Aranha”.

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