Gangue age na hora do café

Quem possui uma casa de médio ou alto padrão deve redobrar os cuidados ao sair dela pela manhã. Uma quadrilha especializada em roubo a residências está aterrorizando moradores em diversos bairros de Curitiba. Somente nas últimas semanas quatro casas foram invadidas numa mesma região, mas apenas em duas delas o assalto foi finalizado. O último alvo dos marginais foi na Rua Ângelo Stival, em Santa Felicidade. Nessa ação, ocorrida na terça-feira, o grupo roubou dólares e reais (quantia não revelada) e jóias avaliadas em R$ 25 mil, além de levarem o veículo do proprietário da residência, um BMW. O carro foi utilizado para a fuga e abandonado posteriormente em um bairro vizinho.

A polícia já possui a descrição dos integrantes da quadrilha.

Assaltos

Os indivíduos se preparam bem antes de cometer o assalto: mapeiam as casas; apuraram suas características e às vezes até levantam os costumes dos moradores, principalmente horários de saída. As ações são sempre realizadas no início da manhã entre às 7h e 7h30, horário em que as pessoas saem de suas casas para ir o trabalho. Na residência situada em Santa Felicidade, por exemplo, o trio pulou o muro e ficou escondido dentro do terreno da casa a espera da saída de algum morador. Quando o primeiro saiu, foi rendido e obrigado a levar os marginais para dentro. Segundo a polícia, eles permaneceram na residência quase duas horas, das 7h15 às 9h.

Outras tentativas de assalto cometidas pelo mesmo grupo foram atendidas pela polícia. Em duas delas, os proprietários das residências notaram movimentação estranha de pessoas no quintal e acionaram a polícia. O barulho da chegada das viaturas alertou os marginais, que fugiram.

Audácia

Um outro caso que chamou a atenção dos policiais sobre a audácia e preparação dos assaltantes aconteceu no bairro Cascatinha. Nessa residência, os dois cães que faziam a guarda da casa foram envenenados. De acordo com o delegado Rubens Recalcatti, titular do 12.º Distrito Policial (Santa Felicidade), que atendeu a ocorrência, os marginais rondaram a casa e no dia anterior ao roubo conseguiram envenenar os cães da raça Akita. O proprietário da casa (um engenheiro) observou o comportamento estranho dos cães e os levou a um veterinário, onde os animais morreram. Pressentindo que poderia ser assaltado, o engenheiro ficou “esperto” quanto à movimentação em frente à casa e flagrou o exato momento em que os marginais pulavam o muro. Acionou a polícia e o roubo foi inibido com a chegada dos PMs.

Segundo levantamento da polícia, as residências preferidas pelos marginais estão localizadas nos bairros São Bráz, Santa Felicidade, Bom Retiro, Centro Cívico, Pilarzinho e Jardim Social.

Fotos

Através dos álbuns de fotos da polícia, alguns suspeitos já foram reconhecidos pelas vítimas. De acordo com o delegado Alfredo Dib, da Delegacia de Furtos e Roubos, a polícia está atenta as ações dos assaltantes e trabalhando para prendê-los o mais rápido possível. Segundo o delegado, os assaltos não são de responsabilidade de apenas uma quadrilha.

R$ 3 milhões em prejuízo

Os assaltos a residências começaram a aumentar numa escala alarmante a partir do início de março desse ano, segundo informações da Delegacia de Furtos e Roubos. Até a data de ontem, já haviam sido registrados na especializada cerca de 60 grandes assaltos em casas espalhadas por diversos bairros da capital. Pelas investigações efetuadas pelo delegado Alfredo Dib, três quadrilhas são responsáveis por essas ações. A principal delas, cujos integrantes já foram identificados pela polícia, já efetuou pelo menos 17 assaltos e já arrecadou a incrível quantia de R$ 3 milhões em produtos roubados e furtados, jóias e dinheiro, segundo apurou o delegado.

As casas assaltadas são sempre pertencentes a classe média-alta e alta e cada ação rende às quadrilhas valores entre R$ 30 e 50 mil. Dentre os assaltos investigados estão a casa do diretor do banco HSBC, agência do Ahú, e de outros empresários.

Desde abril, o delegado Dib está voltado à investigação das quadrilhas especializadas em assaltos a residências. Em maio deste ano, uma delas já havia sido identificada mas apenas um dos integrantes foi preso: Ronaldo Adriano Marins, 25 anos. Um adolescente, também partícipe, morreu em confronto com policiais militares após um assalto no bairro Boa Vista, nessa época.

Identificação

Com o aumento do números de assaltos, a Delegacia de Furtos e Roubos, através dos delegados Gerson Machado e Dib, resolveu divulgar o retrato de vários marginais ligados a essa categoria de crime. Da quadrilha responsável pela grande maioria dos casos investigados pela DFR destacam-se: Fernando Rodrigo Pelentier, o “Nando”; Luiz Fernando Kuss, vulgo “Ferpa”; Jean Lucas Soares, o “Buiu” e Adalberto de Oliveira, o “Susto”. O receptador dessa quadrilha, segundo a polícia, é Joaquim Firmino de Toledo. Todos ele estão com mandados de prisão expedidos pela Justiça e são procurados pela DFR. Alguns deles, inclusive, já contam com passagens pela especializada como Pelentier e Kuss.

Dib relatou que não tem dúvidas da participação desses indivíduos nos assaltos devido a certeza dos reconhecimentos realizados por vítimas. Pesa contra esses indivíduos a arrecadação de quase R$ 3 milhões em assaltos.

Outra

Outra quadrilha que está sendo investigada tem como líder João Batista Tibúrcio, 31 anos. Ele é foragido da Colônia Penal Agrícola (CPA) em Piraquara. Outros dois homens, que ainda não foram identificados oficialmente, fazem parte da gangue. O delegado acredita que eles também sejam foragidos da CPA.

Tibúrcio fugiu da CPA exatamente na ocasião em que seria levado para a DFR para ser identificado em um assalto.

O terceiro grupo atuante em Curitiba também é formado por pelo menos três pessoas. Desse pessoal, a DFR ainda está em fase inicial de investigação. Sabe-se que são formados por três homens morenos escuros. “Passar outras informações sobre eles seria precipitado”, disse Dib.

O delegado pede o auxílio da população para que esses homens sejam presos pois representam grande perigo à sociedade. “Não são simples arrombadores de residências. São mais perigosos do que a quadrilha do assalto ao prédio milionário que está na mídia”, ressalta. Qualquer informação sobre o paradeiro desses indivíduos pode ser repassada a DFR através do telefone 262-2800.

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