Família procura jovem desaparecido há dois anos

Onde está “Marquinhos”? Há dois anos que a dona de casa Sirlei de Liz Miranda, 38 anos, viúva que sobrevive do benefício deixado pelo marido morto, faz esta pergunta e chora diante do retrato do filho, rezando para que um dia ele retorne para casa.

O jovem Antônio Marcos de Liz Miranda, 22, saiu de Lages (SC), com destino a Curitiba, de onde pretendia seguir com amigos para Andirá (interior do Paraná), para assistir brigas de galos.

No percurso, “Marquinhos”, como é chamado pela mãe, desapareceu misteriosamente. Seu carro, o Golf azul placa JDC-0530, de Vacaria (RS), cujas prestações ainda estava pagando, sumiu como que por encanto.

“Marquinhos” saiu em 8 de outubro de 2008. Irreverente e alegre despediu-se da família, jogou uma mochila com roupas no carro e avisou que estava levando R$ 2 mil para comprar motocicletas sinistradas, que pretendia remontar e revender. Seu destino era a casa do amigo João Lari, morador na Cidade Industrial de Curitiba e criador de galos de briga.

O rapaz chegou à casa de João, conforme foi apurado pelos familiares e pela polícia. Deixou a mochila e disse que iria dar uma volta de carro pela região. Ainda lhe foi recomendado que não demorasse, pois no dia seguinte, por volta das 10h, viajariam para Andirá. E que prestasse atenção por onde andava, porque o lugar era perigoso. Depois disso, ninguém mais o viu ou soube de seu paradeiro.

Amigos

João esperou até o dia seguinte e, como o jovem não apareceu, foi sozinho para a rinha. Lá encontrou outros amigos de “Marquinhos”, vindos de Lages. Todos estranharam o sumiço, mas não se lembraram de avisar a polícia.

Dias depois, sem que o rapaz tivesse retornado, a mãe e o tio – Sirlei e Adriano de Jesus Pires, 30 – já bem preocupados, procuraram os amigos dele, em busca de informações.

Registraram uma queixa na delegacia de Lages e aguardaram as investigações. Como nada acontecia, conseguiram apurar o endereço de João, em Curitiba, na esperança de que ele pudesse dar algum esclarecimento.

Grana

Como a família é muito pobre, não havia dinheiro para custear a viagem até Curitiba. Entrou em cena o vizinho Elvio da Silva, que é presidente da associação dos moradores do bairro São Luiz, onde reside a família.

Com um jantar beneficente, ele angariou quantia suficiente para que Adriano e Sirlei viajassem. Por telefone, eles marcaram uma visita à casa de João, que mesmo sabendo da chegada dos parentes de “Marquinhos” tratou de sair de casa, deixando um vizinho para devolver a mochila de roupas do desaparecido e avisar que ele tinha ido pescar.

A mãe ainda foi até o necrotério do Instituto Médico-Legal de Curitiba, porque existiam os corpos de alguns jovens mortos que estavam sem identificação. Não reconheceu ninguém. Ela e o irmão oficializaram queixa na Delegacia de Vigilância e Capturas, depositando ali as esperanças de que o rapaz seja encontrado.

Esperança

Retornaram para Lages de mãos vazias e corações desesperados. A cada toque do telefone celular ou a movimentação de um carro estranho na rua, fazem Sirlei se arrepiar.

“Tenho esperança de vê-lo bem e ao mesmo tempo medo do que possa ter acontecido”, diz ela, misturando soluços com palavras, ao fazer um apelo a quem souber do paradeiro do rapaz para que avise a polícia ou ligue para à família pelo fone (49) 9153-9289.

Delegacia incansável

A Delegacia de Vigilância e Capturas, dentro outras atividades, tem por missão buscar pessoas desaparecidas. Os fichários estão cheios de queixas, boa parte delas sem solução, gerenciadas pelos investigadores Júnior e Cristiane. Eles têm conhecimento do sumiço de “Marquinhos” e, sempre que possível, atualizam as informações na ficha do rapaz, procurando pistas.

,De acordo com Júnior, mesmo com o passar do tempo, os casos não são esquecidos. Neste, em especial, foi pedido bloqueio do carro e vasculhada a movimentação do CPF do jovem, mas não apareceu nada.

“Ouvimos parentes, pedimos a quebra do sigilo bancário e do telefônico, porém não surgiu nenhuma informação. Continuamos investigando”, garante Júnior, que também faz contato periodicamente com o IML, principalmente quando aparecem corpos não identificados, já que não é descartada a hipótese do rapaz ter sido morto.

“É um mistério, mas como ninguém some do ar, principalmente com um carro, sempre há a expectativa de que a qualquer momento o caso seja desvendado”, comentou o policial.