Executado com dois tiros na Vila Osternack

Carlos Roberto de Almeida, 27 anos, convidou os parentes para um jantar especial e colocou um leitãozinho para assar. Foram as últimas coisas que fez: ao sair em seu Fiat Tipo para tomar um aperitivo no barzinho perto de casa, Carlos foi friamente executado. Dois tiros de revólver calibre 38 tiraram-lhe a vida, e outros dois, de pistola, atingiram o carro. O crime aconteceu às 17h de ontem, ao lado da cancha de futebol da Rua Jardim Alegre, Vila Osternack.

O caso está cercado de mistério e a única pista, por enquanto, é um Opala verde que teria sido usado pelos matadores, conforme apuraram PM’s da Rone. Apesar de pelo menos trinta pessoas terem presenciado o crime, conforme calcularam os policiais que atenderam a ocorrência, ninguém disse nada que pudesse ajudar a identificar os autores ou o motivo do crime.

Aperitivo

A vítima morava a duas quadras do local, com a mulher – grávida de sete meses – e duas filhas pequenas. Clarinda Oliveira Soares, sogra de Carlos, também mora na Osternack e só soube dizer aos policiais que ele era bom pai de família e que não tinha “bronca” com ninguém na região. “Ele me convidou para o jantar, chamou o pai dele também. Minha filha contou que ele deixou o leitão assando e saiu, dizendo que ia tomar um aperitivo. Não posso dizer nada, só que ele gostava de tomar umas cervejas de vez em quando, como todo mundo faz”, relatou Clarinda.

O pai do rapaz, Lázaro Caetano de Almeida, também pouco informou aos policiais da Delegacia de Homicídios que estiveram no local. De acordo com ele, o filho trabalhava como autônomo, vendendo roupas. “Tinha uns rolos com carro também, mas ele vendia e comprava só pra ele mesmo”, afirmou o homem. Morador do Bairro Alto, Lázaro havia passado a tarde passeando com as netas, enquanto o filho preparava o jantar.

A informação sobre o meio de vida de Carlos ficou contraditória, pois a sogra havia dito também que ele era motoboy e a esposa, ainda no local do crime, disse que ele estava desempregado. Outras informações repassadas pelos parentes são de que a vítima tinha acabado de comprar o Fiat Tipo preto, placa DEG-0908, e há pouco mais de um mês havia alugado a casa na rua 6, onde vivia com a esposa, Nair, e as filhas.

Estranho

O perito Antônio Carlos, do Instituto de Criminalística, fez as primeiras avaliações no local e considerou o caso bastante estranho. “Foram disparados pelo menos três tiros de revólver 38, e destes, dois o atingiram no peito. Já no carro há disparos de outra arma, de grosso calibre. Mas não encontrei estes projéteis. A posição da vítima dentro do carro também não coincide com a direção dos tiros”, comentou o perito.

Uma das hipóteses é de que o rapaz tenha sido baleado cem metros antes de onde o carro parou, ao colidir contra uma viga de madeira. Não se sabe, porém, se Carlos foi morto enquanto dirigia ou se foi tirado do carro, executado e jogado novamente no veículo.

Uma busca rápida revelou também que Carlos levava, no carro, uma mochila cheia de brinquedos, telefone celular, carteira com documentos e tíquetes de pedágio da Rodonorte, datados de 23 de julho.

Policiais lamentavam, mais uma vez, a existência da “lei do silêncio” que domina os moradores de bairros dominados por gangues e traficantes. “Se a população colaborasse, a polícia poderia trabalhar melhor”, disse um investigador.

Voltar ao topo