Economista revela série de golpes aplicados por estelionatário

Um intrincado caso envolvendo Marcos Antônio Castro, 29 anos, preso depois de ser "plantado" como estagiário na Vara de Inquéritos Policiais (VIP) pelo polícial civil Ricardo Abilhôa, veio à tona com a denúncia de uma economista. A mulher, dona de uma herança milionária, diz ter sido roubada várias vezes por Marcos através de golpes que ele aplicou para ficar com todo o seu dinheiro.

Quando soube que Marcos estava preso, acusado de se infiltrar como falso estagiário na VIP, para conseguir informações privilegiadas sobre as investigações que estavam sendo feitas contra Abilhôa, a economista sentiu-se segura para denunciá-lo. Ela contou que herdou uma fortuna da tia que está muito doente e que em 2002 Marcos foi procurá-la passando-se por advogado e então conseguiu enganá-la várias vezes.

Segundo a mulher, em julho de 2002 Marcos foi até sua casa, dizendo que estava lá para cobrar uma suposta dívida que ela tinha feito com um indivíduo chamado Alexandre. A economista disse que foi Alexandre quem a lesou e Marcos, mostrando estar chocado e impressionado, afirmou que passaria a ser o advogado dela. O golpista ganhou a confiança da mulher e do marido dela e, ao saber que a economista era dona de uma herança deu início a uma série de golpes. "Ele me disse que eu deveria investir meu dinheiro num reflorestamneto. Depositamos mais de R$ 200 mil e nunca recebemos nada referente ao negócio", contou a economista.

Além de pedir emprestado R$ 15 mil, Marcos convenceu o casal a passar o restante da herança da economista para sua conta, uma vez que se ficasse com ela, teria que dividi-la com seu irmão.

A mulher então passou R$ 440 mil para a conta do estelionatário.

Depois de alguns meses, a economista também sentiu falta de alguns talonários de cheques. Ela então começou a receber ligações de credores e descobriu que Marcos tinha feitos várias compras falsificando sua assinatura.

"As pessoas acharam que era eu a estelionatária e cheguei a ir até a polícia para ser interrogada", contou. Uma das compras feitas por Marcos, com os cheques, foram livros de Direito que ele comercializava por um valor abaixo do mercado para colegas da faculdade, uma vez que era estudante do curso. "Eu acreditei nele porque ele parecia ser um rapaz correto. Perdi todo o dinheiro de minha tia e estou com medo que ele saia impune da cadeia", finalizou a economista.

Preso ao agir como "olheiro" na VIP

Marcos Antônio de Castro, 29 anos, é dono de extensa ficha criminal, que se arrasta desde 1995. Porém seus crimes foram misteriosamente arquivados e seu nome só veio à tona quando os policiais civis Ricardo Abilhôa e Carlos Eduardo Carneiro Garcia, o "Carlinhos", tiveram sua prisões preventivas decretadas, em dezembro do ano passado.

O estelionatário, que se diz estudante de Direito (estaria com a matrícula do curso trancada por falta de pagamento), está preso na Casa de Custódia de Curitiba (CCC) desde o dia 16 de dezembro. Ele é acusado de agir como "olheiro" de Ricardo e "Carlinhos" na Vara de Inquérito Policial (Vip), onde dois meses antes de ser preso apresentou-se como estagiário voluntário.

Interrogado na Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, pelo delegado Roberto Heusi de Almeira, Marcos revelou que buscou se infiltrar na VIP, por ordem dos dois investigadores, que queriam saber tudo o que ocorresse naquela Vara, que lhes dissesse respeito. Em troca, o estelionatário receberia R$ 10 mil, e ainda poderia ter as "broncas" quebradas pelo pai de Ricardo, o procurador de Justiça e coordenador da Promotoria de Investigação Criminal (PIC), Dartagnan Cadilhe Abilhôa. Os policiais teriam ameaçado Marcos, afirmando que ele seria pego pelo "Guardião", um equipamento de escuta usado pela Secretaria da Segurança Pública, caso não quisesse cooperar.

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